Programa Bem-Me-Quer completa um ano de apoio às vítimas de violência sexual

Iniciativa do governo paulista oferece gratuitamente atendimento médico, assistência psicológica e jurídica e acompanhamento integral a mulheres e cri

qua, 02/01/2002 - 13h00 | Do Portal do Governo

Iniciativa do governo paulista oferece gratuitamente atendimento médico, assistência psicológica e jurídica e acompanhamento integral a mulheres e crianças que sofrem este trauma

Oferecer orientações médicas e psicológicas às vítimas de violência sexual é uma iniciativa necessária para evitar que o trauma se torne ainda mais grave. Desde o mês de janeiro do ano passado, mulheres e crianças da Capital que sofreram este tipo de agressão contam com atendimento imediato gratuito para impedir o contágio de doenças sexuais e para não perderem a auto-estima.

O Programa Bem-Me-Quer, desenvolvido pela Secretaria da Segurança Pública em parceria com as secretarias da Saúde, Assistência e Desenvolvimento Social e Procuradoria Geral do Estado, é pioneiro no Brasil neste tipo de atendimento e já ajudou 3.172 pessoas em um ano de atuação.

A moradora da Zona Leste da Capital S.R.S foi violentada e procurou a delegacia de polícia para denunciar o criminoso. ‘Ele morava em um bairro vizinho ao meu e trabalhava como cobrador em um veículo que eu já havia utilizado’, contou. Na própria delegacia ela foi orientada a utilizar o Programa Bem-me-Quer. ‘Eu aceitei e eles chamaram uma ambulância equipada para me transportar até o hospital. Um psicólogo veio junto me preparando para tudo o que iria acontecer’, afirmou.

Vítimas são medicadas contra aids

Ao chegar ao hospital, as vítimas são examinadas e recebem um coquetel de remédios anti-aids, pílula do dia seguinte, vacina contra hepatite ‘B’ e outros medicamentos. A coordenadora do Programa Bem-me-Quer, Monica Esposito, explica que o atendimento está concentrado no Hospital Pérola Byngton, com 15 médicas legistas trabalhando diretamente nesta função.

Ela destacou que o atendimento integrado é fundamental para diagnosticar todas as necessidades. ‘Antes, a mulher fazia a queixa na delegacia e era orientada a procurar o Instituto Médico Legal (IML) para realizar os exames. Muitas deixavam de ir por falta de dinheiro para o transporte ou por falta de tempo. Em outros casos, elas iam ao IML somente alguns dias depois, não sendo mais possível encontrar as lesões.’ Com o programa, elas recebem atendimento médico imediato, são submetidas aos exames necessários, recebem a medicação de urgência e a orientação psicológica e jurídica.

O apoio da família, amigos e psicólogos do programa está auxiliando S.R.S a superar os traumas. De acordo com ela, as orientações são importantes para perder alguns medos. ‘Eles ajudam você a não ter trauma de escuro, de homem, de tudo…’, admitiu.

Casos semelhantes ao de S.R.S. acontecem diariamente nas grandes cidades do mundo. ‘Eu aconselho todas as pessoas a denunciarem, para evitar que o mesmo criminoso possa cometer novamente a agressão’, destacou S.R.S, acrescentando que a pessoa que a agrediu está presa. Para o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, nessas horas é fundamental uma atenção rápida. Entretanto, muitas vezes, por medo ou vergonha, as vítimas não procuram orientação.

A vítima também pode optar por um tratamento particular ou ir diretamente ao Pérola Byngton. A coordenadora do programa explica que o Estado oferece atendimento completo, mas a vítima pode escolher o que quer utilizar. ‘Orientamos a pessoa que foi violentada a procurar atendimento imediato, pois após 72 horas os remédios não terão mais efeito. Mas também oferecemos atendimento às pessoas que só decidiram denunciar após algum tempo’, reforçou.

Atualmente, o ‘Bem-Me-Quer’ atende, em média, 12 pessoas por dia. Antes da criação do programa, apenas seis pessoas por dia procuravam o IML para fazer os exames.

Tratamento psicológico e assistência judicial

O tratamento psicológico realizado no Ambulatório de Violência Sexual do Hospital Pérola Byngton pode durar meses. O processo é acompanhado por assistentes sociais e também são agendados dia e hora com a Procuradoria da Assistência Judiciária, para defesa dos interesses da vítima em juízo. ‘A vítima passa a entender que ela é uma cidadã e, por isso, tem o amparo do Estado para sua recuperação pessoal e a punição do responsável’, destacou Petrelluzzi.

Em 2002, o programa poderá ser estendido para algumas cidades do Interior. Já estão sendo desenvolvidos projetos-piloto nos municípios de Ribeirão Preto, Sorocaba e Campinas. Vários estados e até outros países, como o México, Colômbia e Bolívia, já demonstraram interesse em implantar o programa paulista.

Informações sobre o ‘Bem-Me-Quer’ podem ser obtidas pelo telefone (0 XX 11) 232-3433, ramais 292 e 341.

Rogério Vaquero