Proerd oferece orientação contra as drogas para estudantes de 4ª série

Desenvolvido por psicólogos e pedagogos, programa é aplicado por Pms em escolas públicas e particulares

ter, 13/08/2002 - 15h04 | Do Portal do Governo


Gabrielle Faustino é uma garota de 10 anos e que no mês de dezembro irá concluir a 4ª série do ensino fundamental. Além do diploma que lhe atribui as habilidades de ler e escrever textos narrativos e informativos, Gabrielle afirma com orgulho que irá para a 5ª série com outro certificado nas mãos. É o diploma: “Eu digo não às drogas”.

Ela é uma entre 1,3 milhão de crianças que tiveram acesso ao Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), ligado à Secretaria Estadual da Segurança Pública. Os estudantes de 4ª série das escolas públicas e particulares podem participar de um curso de orientação sobre as drogas, desenvolvido por especialistas em psicologia e pedagogia e aplicado por policiais militares treinados.

O curso de prevenção tem duração de 17 horas/aula e é inovador na abordagem do tema. Uma das preocupações é não estimular a curiosidade das crianças em relação às drogas. Por isso, o efeito das substâncias não é o ponto central das discussões. As orientações são concentradas na elevação da auto-estima das crianças, destacando a importância da família, das amizades, do esporte e do meio ambiente.

Gabrielle aprendeu que aqueles que se envolvem com drogas acabam se separando da sociedade e muitas vezes ficam excluídos até da família. “As pessoas que vendem as drogas vão ganhando dinheiro e aqueles que usam vão ganhando dependência. As drogas geram violência e podem nos levar à morte”, disse a garota.

O objetivo do Proerd é formar multiplicadores de uma mesma opinião. Lucas Congo, 10 anos, é outro estudante que participa do Programa e já está se transformando em agente de combate às drogas. Ele lembrou que as crianças podem ser alvos fáceis de traficantes e usuários. “Por isso é importante termos informações sobre as drogas para podermos dizer não. Além do que eu aprendo nas aulas, procuro conversar com os meus pais em casa”, afirmou, alertando que não aceita nem chiclete oferecido por estranhos.

Idade importante

A coordenadora do Proerd, Laudinéa de Oliveira, explicou que na 4ª série os alunos estão em uma faixa etária bastante específica. Segundo ela, dos 9 aos 12 anos eles ainda têm uma ascendência forte dos pais e professores no aprendizado. “A 4ª série é o último ano em que eles possuem um único professor, com o qual geralmente há uma identificação grande. Também é nessa idade que começam a sofrer com mais força a influência dos colegas, do grupo externo.”

O curso é dado nas salas de aula por policiais militares fardados, acompanhados pelo professor da turma. Os policiais passam por um forte treinamento antes de iniciarem as atividades. Eles seguem uma cartilha padrão desenvolvida por especialistas no setor.

Teatro, música, desenhos, vídeos e redações também fazem parte do Proerd. “O Programa foi criado em Los Angeles (Estados Unidos) e quando veio para o Brasil foi feita a tradução e adaptação da cartilha para a nossa realidade”, recordou a coordenadora. Ela disse que atualmente mais de 50 países utilizam o método Proerd com sucesso.

Além de ajudar as crianças a ficarem afastadas das drogas, a iniciativa também ajuda a desmistificar a figura do policial. A assistente de direção do Colégio Renovação, localizado na Zona Sul da Capital, Cláudia Baratella, disse que há cinco anos a escola participa do Proerd. “A receptividade dos alunos pela cabo Christina é enorme”, observou.

Christina Aparecida de Sá é a policial instrutora do Proerd no Colégio Renovação. Ela destacou que o curso é preventivo, mas o policial também é treinado para identificar alunos que possam estar tendo problemas com drogas, inclusive cigarros, remédios ou álcool.

Na opinião do estudante Felipe Garcia, também de 10 anos, o cigarro não faz mal apenas para quem está fumando. “É como o desmatamento ou a poluição, que prejudicam toda a sociedade”, advertiu.

Laudinéa destacou que o Programa dá grande ênfase no álcool e no cigarro porque estes produtos começam a ser utilizados mais cedo. “Temos infinidade de acidentes de trânsito que envolvem jovens alcoolizados”, afirmou. A estudante Gabrielle, que pretende ser naturalista, ressaltou o esforço da sua mãe para conseguir parar de fumar e aproveitou para dar um recado. “O fraco não é aquele que não consegue e sim aquele que não tenta”, comparou.

No ano passado o Proerd ultrapassou 312 mil atendimentos em unidades de ensino. Neste ano, a meta é atender 350 mil alunos. As escolas interessadas em participar do Programa podem obter mais informações pelo telefone (0XX11) 3327-7754.

Rogério Vaquero