Produção: Mercado de café apresenta instabilidade de preços e declínio das exportações

O principal fator que tem influenciado o mercado do café é iminência da guerra entre EUA e Iraque

ter, 11/03/2003 - 18h26 | Do Portal do Governo

As cotações do café nos diferentes mercados internacionais mostram fortes quedas ao longo de fevereiro de 2003, praticamente retornando ao patamar observado em novembro de 2002. No mercado de Nova Iorque, o café arábica perdeu 13,01% nas cotações para maio, enquanto na Bolsa de Londres o café robusta apresentou queda de 13,58%, para o mesmo mês.

Na BM&F as cotações para o arábica, posição de maio, declinaram 16,18% em fevereiro. Finalmente, considerando o preço composto diário da OIC (www.ico.org) , verifica-se igualmente que houve redução de 10,79%.

Esse comportamento das cotações do café estão em contradição com os fundamentos do mercado, pois se trabalha com um cenário de oferta de cerca de 6 milhões de sacas inferior à demanda para o próximo no ano safra 2003/04, inclusive ressalvando que se trata da primeira ocorrência desse gênero nos últimos cinco anos.

O principal fator que tem influenciado o mercado do café, bem como de outras commodities, é iminência da guerra entre EUA e Inglaterra contra o Iraque, o que tem mudado a posição dos investidores nas bolsas, levando-os a trocar suas posições das aplicações no mercado de commodities para aplicações em ouro, títulos em euros e dólares, dos governos dos Estados Unidos e dos países europeus.

Portanto, os cafeicultores brasileiros devem ficar atentos não se precipitando, aguardando melhor definição do cenário de guerra, para comercializar seu produto. Esse conservadorismo pode resultar em ganhos futuros uma vez que a safra brasileira de café 2002/03 deverá se reduzir de 33% a 50%, dependendo da estimativa considerada, contribuindo decisivamente para a mencionada menor oferta mundial do produto.

Todavia, mesmo com a queda das cotações de café em mercados de futuros, nos últimos 12 meses, se verifica uma alta acumulada menos expressiva, que foi de 12,62% para o café arábica na BM&F, de 27,75% na Bolsa de Nova Iorque, para o arábica, e de 67,03% para o robusta na Bolsa de Londres.

No mercado interno os preços médios recebidos pelos cafeicultores em fevereiro apresentaram ligeiro crescimento em decorrência da maior taxa de reais por dólar (desvalorização) e pelo fato de que até o dia 20 as cotações vinham se mantendo constantes desde o final de janeiro.

Porém, em fevereiro quando se compara as cotações em 03/02 com as de 28/02, verifica-se que os preços médios diários caíram 13,38%, o que praticamente paralisou o mercado.

Nelson Batista Martin e Celso Luis Rodrigues Vegro
Instituto de Economia Agrícola

C.A