Produção: Divisão de estufa pode ser alternativa para pequenas propriedades

Estudo foi realizado pelo Instituto de Economia Agrícola

ter, 13/01/2004 - 21h13 | Do Portal do Governo

Um dos grandes problemas da pequena propriedade rural consiste em aumentar a renda obtida face à limitada área de cultivo (que impede a expansão horizontal). Isto restringe o potencial de obtenção de economias de escala com redução de custo operacional, tornando a pequena propriedade menos competitiva no mercado globalizado.

No entanto, há outras alternativas para as propriedades orientadas para o aumento do valor da produção, representado nas culturas de maior valor agregado. Trata-se do uso de alta tecnologia e cultivo intensivo da terra através do controle parcial ou total do ambiente, regulando temperatura e umidade com o uso da irrigação/microaspersão (estufas); e da adubação controlada que proporciona crescimento vegetativo e floração, além de reduzir a incidência de pragas e doenças, obtendo assim maior produtividade e renda.

Estudo de caso realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), em parceria com a Faculdade de Agronomia Cantareira, na estufa instalada nas dependências daquele centro de ensino, mostra que, com investimento de R$ 37.211,74, se pode obter renda economicamente viável durante quatro anos de produção, após o período de um ano e meio de investimento.

Esse montante é investido na aquisição de equipamentos e benfeitorias (R$ 14.900,00) e no custo de implantação da cultura de antúrio (R$ 22.311,74). Apenas a estufa de 1.100 m2 consumiu grande parte do capital inicial, no valor de R$ 9.900,00, enquanto os equipamentos utilizados na irrigação, fertirrigação, microaspersão e pulverização somaram o valor de R$ 5 mil.

A parte interna da estufa é dividida em vários canteiros, preenchidos com substratos preparados com mistura de terra, fibra de coco e adubos diversos: formulado 10-10-10, nitrato de amônio, fosfatado MAP, nitrato de potássio, sulfato de magnésio e nitrato de cálcio (tabela 1).

O Custo Operacional Total (COT) de implantação, de R$ 22.311,74, resultou de despesas em operações no valor de R$ 765,76 (3,4% do COT), material consumido no valor de R$ 19.452,94 (87%) – que teve como principal componente a muda importada da Holanda (R$ 14.400,00) – e outros itens (ou custos indiretos) no valor de R$ 2.093,04 (9.4%). O Custo Operacional Efetivo (COE), ou desembolso direto, representou 91% do COT, com R$ 20.218,70.

O lucro operacional (receita menos custo) mostrou-se crescente, de R$ 9.485,18 no primeiro ano de produção para R$ 10.355,17, R$ 11.262,86 e R$ 11.285,43 entre o segundo e o quarto anos. A Taxa Interna de Retorno (TIR) do investimento ficou em 27,34% ao ano, superior à taxa mínima de atratividade de 10%, mostrando que o investimento é viável e lucrativo nas condições consideradas no estudo.

Esses resultados são um indicativo de que a atividade pode ser uma alternativa interessante para os pequenos e médios produtores de hortaliças, verduras e legumes tradicionais, como opção de uso da terra e de capital.

Hiroshige Okawa, Roberto Jun Takane, Ikuyo Kiyuna, Michele Cristina Morales do do Instituto de Economia Agrícola
C.A.