Produção: Café se fortalece com lançamento de programa que incentiva a exportação

O Programa Setorial Integrado tem o objetivo de capacitar as companhias e divulgar o produto brasileiro

qua, 18/12/2002 - 15h29 | Do Portal do Governo

Mais de 20 torrefadoras de café resolveram se unir para alavancar as exportações brasileiras de café industrializado (torrado e moído), hoje quase que inexistentes. Maior produtor e exportador mundial de café verde, o Brasil há muito tempo perde dinheiro ao vender apenas a matéria-prima e ainda dá oportunidade a países como a Alemanha, maior comprador do insumo brasileiro, de se destacar no mercado internacional como grande fornecedora de café industrializado, mesmo sem produzir um único pé de café.

Nesta terça-feira, dia 17 de dezembro, durante evento realizado no auditório da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foi lançado o Programa Setorial Integrado (PSI), desenvolvido pelo Sindicado da Indústria de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé) em parceria com a Agência de Promoção de Exportações (APEX), que tem como principal objetivo incentivar e apoiar as exportações brasileiras de café torrado e moído.

O recurso de US$ 11,5 milhões destinado ao programa será aplicado em capacitação das companhias, pesquisas de mercado e, sobretudo, em ações de promoção e marketing do produto brasileiro no exterior, com a participação efetiva das empresas em feiras internacionais ligadas ao setor, além da realização de eventos de degustação em pontos estratégicos das grandes capitais dos países importadores.

Por enquanto, participam do projeto 21 empresas do setor cafeeiro, de diversas regiões do Brasil, mas a intenção é chegar a 60 empresas (entre torrefadoras, tradings e cooperativas), durante o andamento do programa. O PSI tem investimento de R$ 11,5 milhões, divididos em partes iguais entre as indústrias e a APEX. Segundo estimativa de Nathan Herszkowicz, presidente do Sindicafé, logo no primeiro ano de funcionamento do PSI os embarques brasileiros de café industrializado devem triplicar, saltando de US$ 5,1 milhões, valor estimado para 2002, para US$ 17,7 milhões em 2003.

Em 2006, o salto nas exportações do produto seria ainda mais significativo, alcançando o patamar de US$ 100 milhões com os embarques de café torrado e moído. Herszkowicz ressalta que o produto exportado por meio do programa PSI terá que seguir, obrigatoriamente, os padrões de qualidade, exigidos pelas Normas Técnicas para a Qualidade do Café Torrado e/ou Moído, publicadas no Diário Oficial do Estado em 13/11/2001 (Resolução SAA – 37) e criadas pela Secretaria Estadual de Agricultura em conjunto com a Câmara Setorial do Café e o Sindicafé.

Para o Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Lourival Carmo Mônaco, o PSI se ajusta na política da lei que estabelece as diretrizes para a concessão do Selo de Origem de Qualidade Produto São Paulo, direcionado às indústrias interessadas em agregar valor ao seu produto, estampando nas embalagens o selo de café Gourmet ou Superior.

‘O programa PSI é mais uma ferramenta importante para promover a agregação de valor do produto brasileiro e sua valorização no mercado internacional’, diz Mônaco. As exportações mundiais de café torrado e moído atingiram quase US$ 1 bilhão em 2001, com destaque para a Itália, a Alemanha e Estados Unidos, que juntos registraram vendas no valor de US$ 637,7 milhões. O Brasil, por sua vez, produtor de peso (45 milhões de sacas colhidas este ano), teve uma participação insignificante, de apenas US$ 4,4 milhões.

Participaram do lançamento do PSI o Secretário de Agricultura e Abastecimento, o presidente do Sindicafé, o gerente da APEX, Hélio Mauro França, o presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, entre outros.

C.A