Presídios de São Paulo adotam trabalho atrás das grades

Produção industrial vai desde carteiras escolares a cadeiras de rodas

sáb, 30/03/2002 - 11h48 | Do Portal do Governo


Dos 67.541 presos do Sistema Penitenciário de São Paulo, 32.324 trabalham. O número representa 47,86% de todo o sistema. Além daqueles que desenvolvem atividades de apoio nos presídios, como manutenção, limpeza e portaria, presos beneficiados pelo regime semi-aberto trabalham em empresas privadas.

Educação e Cultura também contam com mão-de-obra carcerária. Dentro dos presídios presos lecionam e ensinam trabalhos artísticos. Um percentual desses presidiários está na produção industrial que é coordenada pela Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (FUNAP), órgão vinculado à Secretaria da Administração Penitenciária.

A Fundação está empenhada em ampliar o trabalho no interior dos presídios em todo o Estado de São Paulo. “Um dos objetivos é acabar com a ociosidade, fato gerador de rebeliões”, afirma Berenice Maria Gianella, diretora executiva da Funap. De acordo com a lei, cada presidiário recebe ¾ do salário mínimo.

A ordem é fazer com que o preso trabalhe e pague pela sua manutenção enquanto cumpre a pena, diz. “A laborterapia faz com que o preso se sinta útil à sociedade e ao Estado. O trabalho dá ao preso condições para melhor enfrentar sua situação como presidiário, além de lhe oferecer subsídios para sua futura reintegração social”, lembra a diretora da Funap.

A resposta a esta filosofia vem encontrando ressonância. Berenice ressalta que o trabalho permite ao sentenciado manter o equilíbrio familiar, enquanto ele está preso, evitando-se que a própria família ingresse no mundo da marginalidade por falta de recursos.

Além disso, o trabalho proporciona diminuição no tempo do cumprimento da pena. A cada três dias trabalhados ele ganha um, de acordo com o Instituto de Remição da Pena, lembra. Salienta que, em contrapartida, essa remição de pena resulta em economia de custos para o Estado.

A produção industrial da Funap nos presídios paulistas pode ser dividida em seis grandes ramos: material esportivo, calçados, mobiliário, confecções, cartonagem e artesanato. Além de uma fábrica de móveis novos instalada dentro do presídio de Pirajuí, mais dez oficinas reformam mobiliário para a rede estadual de ensino, com evidente economia para o Estado.

As oficinas estão instaladas em Araraquara, Presidente Venceslau, Marília, Casa Branca, Hortolândia, Mongaguá, Itaí e Tremembé, além de duas na Capital. A produção é de 11 mil conjuntos de carteiras e cadeiras novas por mês e outros 17 mil conjuntos reformados no mesmo período.

No âmbito de confecção e corte são produzidos mensalmente 25 mil unidades entre calças, camisas, e uniformes profissionais. Todos os macacões e uniformes utilizados no Sistema Penitenciário do Estado e no Hospital do Mandaqui, na Capital, são fabricados pelos presos.

Mais de 1.500 pares de calçados saem das oficinas dos presídios mensalmente. Outro produto bastante procurado por empresas são os móveis para escritórios, com produção mensal de 900 unidades. Os detentos da penitenciária de Sorocaba inovaram. Estão fabricando cadeiras de rodas, num total de 150 unidades / mês. O produto é repassado aos hospitais e também vendido na própria loja da Funap, na Capital – rua Dr. Vila Nova, 268.

Alcindo Garcia