Presépio Napolitano tem exposição permanente no Museu de Arte Sacra

Representação tem 1.620 peças com alturas que variam de 10 a 50 centímetros e é o terceiro do mundo nessas proporções

seg, 24/12/2001 - 15h29 | Do Portal do Governo

Representantes de todos os povos cortejando a Sagrada Família e cenas do cotidiano de uma aldeia de Nápoles, na Itália, em comemoração do nascimento do Menino Jesus. Assim é o Presépio Napolitano, em exposição permanente no Museu de Arte Sacra de São Paulo, vinculado à Secretaria Estadual da Cultura, na região central da Capital.

Embora possa ser visto durante todo o ano, o Napolitano é uma das principais atrações da mostra ‘Presépios – Olhar dos Povos’, em cartaz até o dia 3 de fevereiro, e que reúne 126 representações do nascimento de Cristo.

Com 1.620 peças, das quais 445 de figuras humanas, e com altura variando de 10 a 50 centímetros, o Napolitano é um dos maiores presépios do mundo. Comparável apenas aos que estão no Museu de Nápole, em Nápoles, e no Metropolitan Museum, em Nova York.

O primeiro presépio que se tem notícia foi montado em 1223, em Greccio, pequena cidade da Itália central. Foi idealizado como peça teatral por Francisco de Assis (o santo) e representado por pessoas da aldeia para reviver a fé cristão. Passou a ser reproduzido como escultura e, no século XVIII, torna-se uma arte popular.
O Napolitano foi confeccionado por grandes artistas napolitanos Giuseppe Sammartino, Schettino, Celebrano, Felice Gori e outros grandes artistas napolitanos. Entre os materiais utilizados estão o barro, a terracota e a madeira. O interior das figuras humanas foi feito com arame e estopa para possibilitar a movimentação das peças.

O Presépio Napolitano é composto por diversas cenas. A natividade, na qual a Sagrada Família é envolvida por um vôo de anjos e cabeças de querubins, contemplada por pastores, músicos e diferentes grupos étnicos, não é colocada na tradicional manjedoura, mas sobre as ruínas do império romano, representando seu fim e o nascimento do cristianismo. Já a ceia da casa rica foi representada em detalhes. Sobre a mesa coberta por toalha de renda e bordados podem ser vistas a baixela de prata e as porcelanas. Dança típica da região, a tarantella também aparece no cenário, bem como o sapateiro, o barbeiro, a verdureira e outros trabalhadores do vilarejo.

Luiza Arcuri, de 74 anos e descendente de italianos, pôde mostrar à neta Marcella um pouco do que conheceu quando esteve na Itália. ‘As colunas em ruínas, as roupas penduradas e o desenho geográfico com morros são muito parecidos com os que vi’, elogiou. Já Marcella Arcuri, de 13 anos, que mora no município de Barretos e está passando férias com a avó, em São Paulo, ficou encantada com os anjos. Eles estão representados na Cena da Natividade, na qual personagens de todos os povos visitam o recém-nascido Jesus.

De acordo com a diretora do Museu de Arte Sacra e curadora da exposição, Mari Marino, o Napolitano foi trazido ao Brasil pelo conde Francisco Mattarazzo Sobrinho, o Ciccillo, e foi exposto pela primeira vez no Brasil em 1950, na Galeria Prestes Maia. Doado à prefeitura, o presépio também ficou na Marquise do Ibirapuera e foi entregue ao Estado. Atualmente, o presépio faz parte do acervo do Museu de Arte Sacra do Governo paulista. Marino conta que, durante dois anos de muita pesquisa e trabalho, o cenário foi refeito e, em dezembro de 1999, devolvido ao público que freqüenta o museu.

Cíntia Cury

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