Prêmio: Pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública da USP é premiada em Brasília

Objetivo é promover trabalhos/estudos que teriam aplicabilidade no SUS

qua, 15/01/2003 - 20h59 | Do Portal do Governo

O estudo ‘Violência Doméstica: uma questão de Saúde Pública’, da psicóloga Dinalva Tavares, recebeu do Ministério da Saúde o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o Sistema Único de Saúde (SUS) – 2002. O objetivo era promover trabalhos/estudos que teriam aplicabilidade no SUS. Ao todo foram premiados em Brasília seis doutorados, seis mestrados e seis de monografias de especialização ou residência.

Dinalva Tavares demonstrou que o diagnóstico dos sintomas de saúde da mulher poderia ser mais preciso com a adoção do termo ‘violência de gênero’ nos prontuários médicos. Além da precisão, garante a pesquisadora, desperdícios seriam evitados: ‘de modo geral, os médicos não relacionam insônia, depressão, taquicardia, pressão alta e palpitação com o conceito. Aí, muitas pacientes ficam ‘perambulando’ de serviço em serviço’.

A pesquisadora apresentou sua dissertação de mestrado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP em maio de 2000. Ela entrevistou 165 mulheres no Centro de Referência à Saúde da Mulher do Hospital Pérola Byington, na Capital Paulista, de 1997 a 1999. Constatou que 80% dos depoimentos tratavam de algum tipo de violência no núcleo familiar. Desse universo, 80% das mulheres foram agredidas dentro da relação conjugal. Os filhos agiam violentamente em 10% dos casos; o mesmo número foi encontrado em ações agressivas por parte de mães das entrevistadas.

Fenômeno mundial

Dinalva Tavares conta que a violência de gênero é um fenômeno mundial. Ela visitou diversos países para conhecer os serviços existentes. ‘No Canadá, há 168 casas de abrigo para mulheres que sofreram agressão’. No Brasil, ela conta que a maioria dos profissionais de saúde não desenvolveu ainda uma sensibilidade para lidar com o problema.

Por outro lado, observa a psicóloga, há vários motivos para as mulheres não relatarem a verdadeira causa da procura por atendimento médico. ‘Existem casos em que o agressor acompanha a companheira para garantir que não será denunciado’. Lembra ainda que violência de gênero está em todas as classes sociais. ‘A diferença é que uns recorrem ao serviço particular, e aí se preservam mais, e outros vão ao serviço público, com maior exposição.’

A pesquisadora é uma das fundadoras da Casa Eliane de Grammont, na cidade de São Paulo. Criada em 1990, a Casa foi o primeiro serviço público municipal do país de atendimento integral às mulheres nos casos de violência doméstica e sexual, oferecendo inclusive assistência psicológica e social. De acordo com Dinalva Tavares, o estudo feito na FSP contribui na elaboração da lei municipal 13.150, de 20 de junho de 2001, que introduz o quesito violência de gênero no sistema municipal de informação em saúde.

Mais informações: (0xx11) 288-7698 ou 9983-0930 ou 9608-7320

Marcelo Gutierres – Agência USP