Pinacoteca recebe trabalhos de portadores de deficiência da Estação Especial da Lapa

Exposição pode ser visitada até amanhã das 10 às 18 horas

qua, 03/12/2003 - 13h33 | Do Portal do Governo


A arte transcendendo os limites. Os trabalhos de pintura desenvolvidos por pessoas especiais podem ser apreciados na mostra de artes plásticas do Projeto da Estação Especial da Lapa, que está sendo apresentado na Pinacoteca do Estado. A abertura foi realizada pela presidente do Fundo Social de Solidariedade, Lu Alckmin, nesta quarta-feira, 3, data em que se comemora o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Na ocasião, houve uma apresentação de balé de Aline Tomaz, portadora de síndrome de down.

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência foi instituído em 1991 pela ONU (Organização das Nações Unidas). Desde então, é celebrado todo dia 3 de dezembro em todos os países.

Durante a cerimônia, falou-se muito sobre a necessidade de se ampliar os mais diversos programas para a inclusão das pessoas especiais e a arte é um grande elemento que contribui para esta inserção.

“Por meio dela podemos entender melhor os portadores de deficiência. A arte transcende os limites, o que ajuda a descobrir novos talentos, independentemente de suas limitações físicas ou mentais”, declarou Lu Alckmin. Ela enalteceu a participação de colaboradores como a Revista Sentidos, que em suas publicações e site enfoca matérias sobre pessoas especiais. Recentemente, seu diretor, Dirceu Pereira Júnior, lançou um livro sobre o talento de 50 pessoas portadoras de deficiência.

Outra colaboradora presente foi a diretora do departamento de Reabilitação do Hospital das Clínicas, Lina Maria Batistella, que realiza um importante trabalho com os portadores de deficiência. “A arte privilegia as diferenças e acolhe o desigual, ao contrário de alguns segmentos da sociedade que excluem os que não corresponde aos padrões rotulados”, assinalou Lina Maria.

Sobre a exposição

Os trabalhos expostos na Pinacoteca fazem parte do acervo da Estação Especial da Lapa que foram desenvolvidos nas oficinas culturais. São pinturas em óleo sobre tela, esculturas em pedra sabão, xilogravuras e peças elaboradas com material reciclado, além de obras em tinta acrílica sobre madeira. Cerca de 30% dos freqüentadores das atividades não são portadores de deficiências e interagem com os demais usuários num processo de inclusão social.
Segundo Mônica Nunes, curadora da mostra, a idéia deste projeto é apresentar o resultado de algumas técnicas desenvolvidas na Estação Especial da Lapa. ‘A arte desperta a consciência, reaviva o indivíduo e o impulsiona para o desenvolvimento. Ela liberta emoções e sentimentos e favorece a auto-estima. Eu aprendo diariamente com eles”, revela a curadora que também dá aulas de pintura na Estação.

A exposição poderá ser vista até esta quinta-feira, dia 4, das 10 às 18 horas. Ingressos: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia). A Pinacoteca fica na Praça da Luz, 2, no Bairro da Luz.

Estação Especial da Lapa

A Estação Especial da Lapa – EEL, Centro de Convivência e Desenvolvimento Humano, é um espaço público, e foi inaugurado em 1990, voltado especialmente ao segmento de pessoas portadoras de deficiências e seus familiares.

Vinculado ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, a EEL conta com diversos parceiros da iniciativa privada e de órgãos governamentais. Tem como objetivo garantir os direitos e resgatar a cidadania desse segmento, proporcionando a inclusão social e conseqüentemente a melhora da qualidade de vida de seus usuários. Atualmente, atende cerca de 1.200 usuários.

O aspecto cultural e profissional é desenvolvido por meio de cursos profissionalizantes teórico-prático, oficinas ocupacionais, culturais e de lazer, bem como por atividades esportivas (esporte adaptado). Também são desenvolvidos programas que abordam diretamente os aspectos educacionais e de complementação terapêutica como a eqüoterapia.

Experiência de vida

No início veio o desespero, o pânico, o choro. Tudo o que foi planejado pelo casal João e Eleide, durante a gravidez de sua filha Aline veio por água à abaixo quando descobriram que a menina é portadora da síndrome de down. O que inicialmente foi um choque, hoje é motivo de orgulho para os pais que com muita força, amor, garra e percepção ajudaram Aline, hoje com 22 anos, a transformar-se numa bailarina e num exemplo para outros pais que também tem filhos especiais.

A jovem fez uma apresentação de balé no auditório da Pinacoteca do Estado nesta quarta-feira, dia 3. Desde que descobriram que a filha Aline tinha síndrome de down, a aceitação familiar foi essencial para que os pais arranjassem forças para inserir sua filha na sociedade. “Nós não a escondíamos dentro de casa”, revela o pai João Tomaz, 58 anos, que escreveu o livro “A Eficiência na Deficiência”, que tem como finalidade orientar os pais que tenham filhos especiais. A percepção ao comportamento do filho também é fundamental para o desenvolvimento.

“Percebíamos que a Aline gostava de dançar enquanto assistia aos programas infantis em frente à televisão. Daí, a matriculamos numa academia”, recorda o pai. De lá para cá, a jovem já se apresentou em diversas associações como a APAE e entidades em outros estados. Foi também a Madri dançar no Congresso Mundial de Síndrome de Down.

“Temos orgulho da Aline. Muitos pais, cujos filhos também são especiais, passaram a matricular os seus em uma academia de dança depois que viram a apresentação e desenvoltura de nossa filha”, conta a mãe Eleide.

Valéria Cintra