Uma descoberta realizada por pesquisadores do Instituto do Coração (Incor), vinculado ao Hospital das Clínicas, pode revolucionar o tratamento de pessoas com insuficiência cardíaca provocada por estenose aórtica, conhecida como estreitamento da válvula por onde sai o sangue bombeado do coração. Nesse grupo se enquadra, principalmente, até 10% da população idosa.
Os pesquisadores do Incor concluíram que a calcificação responsável pelo estreitamento da válvula é provocada por uma infecção crônica e não por processo de envelhecimento natural. As bactérias causadoras dessa calcificação são Chlamydia pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae.
O feito será apresentado no congresso do American College of Cardiology, conhecido mundialmente por divulgar as pesquisas na área de cardiologia. O evento se realiza em março, na cidade de Atlanta, nos EUA.
A descoberta da estenose aórtica foi feita por duas equipes, uma chefiada pela diretora do Laboratório de Anatomia Patológica do Incor, professora doutora Maria de Lourdes Higuchi, e a outra pelo diretor clínico da Cardiogeriatria do instituto, professor doutor Maurício Wajngarten.
‘Essa descoberta abre um caminho enorme sobre o papel dessas bactérias em diversas doenças’, comenta dra. Lourdes Higuchi. A descoberta não significa cura, já que as bactérias identificadas são de difícil erradicação. O próximo passo, segundo ela, será encontrar os mecanismos para prevenir ou inibir a infecção causadora do estreitamento da válvula, pesquisando inclusive até dieta alimentar.
A estenose aórtica dificulta a saída do sangue bombeado pelo coração, levando a uma sobrecarga do órgão (insuficiência cardíaca) e até mesmo à morte súbita. A cirurgia tem sido a única solução, mas é um procedimento de grande risco para pessoas idosas.
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