A pediatra Magda Carneiro Sampaio, do Departamento de Imunologia da Universidade de São Paulo (USP), está desenvolvendo vacina oral, produzida com os próprios mecanismos de defesa do bebê, que poderá evitar a diarréia infantil – terceira causa de morte de crianças com menos de um ano de idade. Pretende terminá-la em, no máximo, três anos.
‘Estamos utilizando a engenharia genética para pesquisar como funciona, durante o aleitamento, a passagem de substâncias imunológicas da mãe para o bebê’, explica a médica. O leite materno possui altas concentrações das moléculas de defesa, principalmente da chamada IgA.
Eficácia
Pesquisadores selecionam os antígenos – moléculas que desencadeiam a formação dos anticorpos – e os introduzem em lactobacilos (bactérias não nocivas à saúde). Dessa forma, a vacina, depois de ingerida, provocará a formação de moléculas que impedirão que a Escherichia coli, bactéria que normalmente causa a diarréia, provoque a doença.
‘Realizamos estudo preliminar coletando o colostro de 77 mães da Favela do Butantã e tivemos 94% de eficácia do líquido no combate à bactéria’, informa Magda Carneiro. Os anticorpos do colostro impediram que o microorganismo se instalasse na parede do estômago, evitando a diarréia.
Alguns aspectos ainda estão sendo verificados. ‘Não se sabe quantas doses da vacina serão suficientes para proteger a criança, nem se ela deve ser ingerida antes ou depois do desmame.’ Dentro de alguns meses, os testes serão realizados em animais, em seguida em adultos e, depois, em crianças.
Amamentação
A vacina comprova a importância do aleitamento materno, principal alimento para os bebês e matéria-prima do estudo. ‘Mesmo assim, ainda existem mães que não amamentam seus filhos.’ Para a médica, a previsão é que esse quadro seja revertido.
Da Assessoria de Imprensa da USP
C.A