Crianças que sofrem de nanismo, doença causada por deficiência na produção do hormônio de crescimento (hGH), vão ganhar novas perspectivas a partir do ano que vem, quando a proteína deverá estar sendo produzida em escala industrial, a partir de sementes de milho geneticamente modificadas. Isso será possível com a produção dessa variedade do cereal em biofábricas farmacêuticas.
Este avanço é o resultado da pesquisa realizada na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, por uma equipe do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), coordenada pelo professor Adilson Leite.
Pelo processo de fabricação atual, que utiliza bactérias geneticamente modificadas, a substância chega a custar US$ 20 milhões o quilo. Estas, mesmo não sendo patogênicas, têm que ser bem purificadas, pois contêm proteínas que podem causar febre e alergia, entre outras reações. As proteínas vegetais são muito mais seguras. Não há indicação de que elas causem alguma doença ao homem. Além disso, é muito mais barato produzir uma planta do que um animal transgênico.
Para alcançar o resultado, os pesquisadores tomaram a parte do gene humano que codifica o hormônio do crescimento e a introduziram na região que regula a produção de proteína do milho, chamada endosperma, cuja função é fornecer nutrientes para o embrião durante a germinação. Ou seja, prepararam esse tecido especializado do cereal para produzir hGH, como se fosse uma proteína a ser armazenada nas sementes, conforme as ordens transmitidas pelo seu trecho regulador.
Produção de insulina
O pesquisador do CBMEG enfatiza que o milho que leva o gene humano para poder produzir o hormônio do crescimento não deve ser encarado como um alimento geneticamente modificado, mas sim como um insumo para a indústria farmacêutica. A produção desse tipo de cereal, diz, deve ser cercada de cuidados, inclusive para evitar que um pólen escape e contamine uma área próxima. O professor Leite estima que seria necessário um terreno equivalente a meio campo de futebol para produzir uma tonelada desse milho especial, quantidade suficiente para obter 250 gramas de hGH. Além do hormônio do crescimento, revela o pesquisador, a mesma técnica está sendo empregada para a produção de pró-insulina humana, primeiro passo para a obtenção da insulina.
Do Departamento de Comunicação Social da Unicamp