Pesquisa: Unesp testa defensivo agrícola de baixo custo e de impacto ambiental quase nulo

Nas primeiras análises em laboratório, produto mostrou eficiência no combate a vários tipos de ácaros e insetos

qua, 28/09/2005 - 22h57 | Do Portal do Governo

Novo pesticida foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) a partir de reações químicas entre a sacarose da cana-de-açúcar, o óleo de soja e um catalisador. “Esse último é um produto químico que simplesmente acelera a mistura dos dois elementos, gerando um terceiro produto conhecido como éster de sacarose”, explica Reinaldo José Fazzio Feres, um dos coordenadores da pesquisa. Após a reação química, a substância é dissolvida em água em diferentes proporções, dependendo da praga que se deseja eliminar. “O segredo está em testar diferentes concentrações do éster de sacarose antes de utilizá-lo. É preciso definir a dosagem para cada tipo de praga”, esclarece Feres.

Resultados promissores foram obtidos em laboratório no combate aos ácaros Calacarus heveae, que contamina seringueiras e Tetranychus ogmophallus, praga do amendoim e de plantas ornamentais. Nos dois casos, o produto apresentou eficácia de até 93%. Nos testes com insetos, eliminou entre 90% e 100% das populações da lagarta-do-cartucho-do-milho e da mosca-branca, que infecta mais de 700 espécies de plantas. “Aparentemente, o produto é eficaz, mas apenas sucessivos exames de campo poderão comprovar esses resultados, por conta da existência de grande quantidade de abrigos no ambiente natural, como galhos e folhas”, diz Feres. “Uma primeira aplicação foi feita num pomar comercial de citros, e os resultados foram animadores”.

O pesquisador conta que, após a aplicação, em teste no campo, numa proporção de 5 gramas de éster por litro de água, o índice de infestação do ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus phoenicis) caiu de 7,5% para 2,5%. “O mais interessante foi que, com uma concentração de 10 gramas de éster por litro, a infestação de 7,5% foi reduzida a zero”, afirma.

Vantagens do produto – Para Feres, além dos bons resultados comprovados, outra grande vantagem é seu baixo custo de produção. Com cerca de R$ 5,00 é possível adquirir açúcar e óleo de soja em quantidades suficientes para produzir 1 quilo do produto. “Ao ser diluído em água, esse volume pode render até 200 litros”, revela.

Outra característica favorável do produto é a de não oferecer risco à saúde humana nem afetar o desenvolvimento das plantas, por ser composto basicamente por ésteres de sacarose, substâncias naturais derivadas do açúcar utilizadas, por exemplo, na produção de alimentos sem gordura. As pesquisas foram realizadas por equipe coordenada por Feres e pelo professor Maurício Boscolo, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), em São José do Rio Preto, e Odair Aparecido Fernandes, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), em Jaboticabal.

Thiago Romero
Da Agência Fapesp