Pesquisa: Três bilhões e meio de pessoas em todo mundo sofrem de parasitose intestinal

No Brasil há mais de 130 milhões de infectados

seg, 14/04/2003 - 17h57 | Do Portal do Governo

No Brasil há mais de 130 milhões de infectados. Alto índice revela ineficiência nos atuais exames laboratoriais que estão passando por um novo conceito operacional

As parasitoses intestinais ou enteroparasitoses humanas continuam assustando, especialmente nos países tropicais. Só a amebíase atinge cerca de 10% da população mundial, com índice de mortalidade entre 40 e 110 mil pessoas. Porém a grande vilã das doenças intestinais continua sendo a esquistossomose, responsável por óbitos que variam de 500 mil a 1 milhão de pessoas. Estima-se que 450 milhões estão doentes sendo na maioria crianças vivendo em áreas tropicais e em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil.

Com a colaboração entre empresa e instituições de pesquisa, foi desenvolvido um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que gerou um kit denominado TF-Test®, capaz de detectar um número muito maior de parasitos em material fecal de pacientes através de tríplice coleta, técnica inédita em todo mundo. O custo do projeto foi de R$ 1,5 milhão.

Constituído por três tubos coletores-usuário, um tubo de centrifugação e um conjunto de filtros contendo duas telas, o TF-Test® possui, entre inúmeras vantagens operacionais, em especial o não manuseio do material fecal. Jancarlo Ferreira Gomes, gerente de Novos Projetos e Produtos da Immunoassay, empresa que viabilizou a manufatura do kit, diz que o sistema de clique e batoque para fechamento e vedação do conjunto processador é diferente do sistema de rosca utilizado, ‘O sistema convencional apresenta microvazamentos de líquidos e gazes e que também inviabiliza a eficiência dos resultados’, explica.

A coordenadora geral do projeto FAPESP-PIPE (Modalidade, Inovações Tecnológicas em Pequenas Empresas), Professora Dra. Sumie Hoshino Shimizu, explica que os exames convencionais de apenas 1 coleta revelam resultados negativos falsos que variam de 40 a 60%. Com a nova técnica, a pesquisadora acredita que esses números caiam consideravelmente, significando melhora de sensibilidade diagnóstica, especialmente em parasitoses de média e baixa intensidade, ‘A Organização Mundial de Saúde recomenda três coletas alternadas num período máximo de 10 dias, com intervalos no mínimo de um dia entre as coletas. Obedecida esta conduta teremos aumentado em aproximadamente 20% a chance de detectar alguma forma parasitária’.

Foram realizados testes com mais de mil pacientes infectados dentro do quadro de parasitoses de média e baixa intensidade e os resultados apresentados com grande sucesso durante o 36º Congresso da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, no mês de setembro, em São Paulo. O estudo foi realizado em quatro laboratórios de referência (UNICAMP/USP/UNESP/UNITAÚ) comparando o TF-Test® com as técnicas comumente utilizadas no país (Lutz/Hoffman, Faust, Rugai, Kato-Katz e Coprotest).

A sensibilidade do TF-Test® variou de 97,8% a 84,4%, comprovadamente superior que as demais técnicas. O lançamento mundial do TF-Test® será em novembro durante a Medica-Dusseldorf na Alemanha, uma das feiras mais importante do setor de saúde. Até lá, comercializando o produto em larga escala, a Immunoassay espera que o mercado mundial absorva rapidamente o novo teste, que também será estendido a área veterinária.

Para se ter uma idéia, apenas nos Estados Unidos e Europa há mais de 150 milhões de animais infectados. Como a grande maioria desses animais são domésticos. A preocupação é que eles infectem, através das fezes, seres humanos. A toxoplasmose, altamente perigosa para gestantes, por exemplo, é uma das principais doenças.