Para debater a importância da preservação de documentos de valor científico e tecnológico, o Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Arquivo do Estado de São Paulo realizaram, na semana passada, o seminário Políticas de Preservação Documental: o Resguardo da Memória da Ciência e da Tecnologia. Na abertura, o diretor-superintendente do instituto, Guilherme Ary Plonski, falou sobre a amplitude da iniciativa: ‘Um fórum como este evidencia como a ciência e a tecnologia são bases fundamentais para o desenvolvimento da sociedade. Além disso, permite a discussão de como as novas tecnologias podem ampliar as formas de acesso a documentos originais’.
O secretário-executivo da pasta estadual de Ciência e Tecnologia, Lourival Carmo Mônaco, lembrou a preocupação do governo paulista em proteger a sua história e facilitar o acesso dos cidadãos às informações. ‘No processo de evolução contínua em que vivemos, é essencial que o conhecimento esteja sempre à disposição, e isso exige investimentos não apenas para preservar os documentos, mas também para torná-los acessíveis’, disse. Mencionou as atividades desenvolvidas pelo IPT e pela Imprensa Oficial do Estado nesse sentido.
Para explicar o trabalho realizado pela Imprensa Oficial, seu diretor-presidente, Hubert Alquéres, destacou o compromisso com a guarda e a conservação de documentos oficiais, citando que a empresa foi criada em 1891 com a missão de divulgar as ações do poder público estadual. ‘Temos exemplares de 114 anos do Diário Oficial guardados. Folheando suas páginas, podemos ter um retrato do nosso Estado em diferentes períodos históricos’, afirmou.
Alquéres explicou que a empresa investe em tecnologias de ponta para garantir a preservação das informações e aumentar a facilidade de acesso a elas por parte dos cidadãos: ‘Em breve teremos nosso site www.imprensaoficial.com.br reformulado e com mecanismos de busca mais modernos e eficientes. As páginas do Diário Oficial estão digitalizadas de 1990 até hoje e pretendemos ter, até o final de 2006, todos os anos de publicação à disposição para consulta’.
Políticas públicas – A vice-diretora do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade de São Paulo, Raquel Glezer, uma das palestrantes, considerou relevante a discussão do tema. ‘Temos a tradição de destruir o que é velho, sem uso. Políticas de preservação são importantes para que não tenhamos a sensação de que estamos começando hoje. Temos experiências que não devem ser destruídas’, afirmou.
O diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, Alfredo Tiomno Tolmasquim, ressaltou a importância do seminário e, principalmente, o fato de ser realizado no Instituto de Pesquisas Tecnológicas. ‘O IPT é um dos principais institutos científicos do País e, certamente, um formador de opinião. Este evento é um importante aviso à comunidade científica sobre a necessidade de nos preocuparmos com a preservação da memória da ciência e da tecnologia’, concluiu.
Destacando o fato de que em nosso País se formam, a cada ano, quase 10 mil doutores em todas as áreas do conhecimento, o professor Manuel Domingos Neto, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), falou sobre a relevância de serem instituídas políticas públicas para a preservação documental. Segundo ele, para que as políticas se tornem efetivas é fundamental a sensibilização da comunidade de pesquisadores com relação à essencialidade do tema.
O professor Domingos Neto disse ainda que o Estado de São Paulo se sobressai no cenário nacional da pesquisa por ter definido mecanismos de atuação relacionados com a memória da ciência, capazes de induzir ações concretas de conservação dos acervos e, também, inibir a destruição desse patrimônio.
Joice Henrique
Da Agência Imprensa Oficial
