Pesquisa: São Paulo propõe novos incentivos para pesquisa

Pesquisadores, cientistas, empresários e parlamentares pedem a implementação de política fiscal para estimular investimentos de empresas em inovação

qui, 20/09/2001 - 11h47 | Do Portal do Governo

Brasil deve tomar medidas urgentes para superar o atraso tecnológico que compromete o seu desenvolvimento e competitividade. É preciso estimular investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D e I). As atividades de pesquisa, hoje concentradas nas universidades, têm que ser levadas também para dentro das empresas. Esse desafio exige a implementação de políticas de incentivos fiscais e apoio do governo. Essa avaliação, endossada por empresários, parlamentares, pesquisadores, jornalistas e representantes de universidades e institutos de pesquisa, norteou os debates da Conferência Regional de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, realizada na Assembléia Legislativa nos dias 16 e 17 de agosto.

O encontro teve por objetivo discutir as prioridades de São Paulo para a área e preparar as contribuições paulistas para a Conferência Nacional que o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e a Academia Brasileira de Ciências realizarão em Brasília, entre os dias 17 e 21 de setembro, com a ambição de traçar uma política científica e tecnológica para os próximos dez anos. Em São Paulo, assim como nas demais regiões do país, os debates foram orientados por cinco grandes temas propostos: Avanço do Conhecimento, Qualidade de Vida, Desenvolvimento Econômico, Desafios Estratégicos e Desafios Institucionais.

‘Este é um debate estratégico para o futuro do país’, afirmou o secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Ruy Altenfelder Silva.’ O desafio de transformar conhecimento em riqueza só será possível com apoio oficial e para viabilizar o envolvimento da empresa em atividades de PeD’, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, presidente da FAPESP, um dos debatedores do tema C e T e I e Desenvolvimento, coordenado pelo jornalista Roberto Müller Filho, da Gazeta Mercantil . Brito lembrou que foi a ação do Estado, por meio de uma bem-sucedida política de incentivos fiscais, que permitiu que a Coréia expandisse sua economia e ampliasse sua participação no mercado mundial. Enquanto o Brasil tem hoje apenas 11% de seus cientistas e engenheiros trabalhando em empresas e 89% nas universidades e institutos de pesquisa, a Coréia tem 54% desses profissionais na iniciativa privada. ‘É preciso criar um ambiente menos hostil para as empresas investirem em PeD’, completou.

A ausência de uma política de incentivos tem seu preço. Aqui, o setor privado é responsável por, no máximo, 35,7% do total de gastos em PeD, enquanto nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o percentual médio chega a 70%. Nos Estados Unidos, o governo paga cerca de 40% do total de gastos feitos em pesquisa aplicada e desenvolvimento, embora realize apenas 10% das atividades relativas a esses gastos: 90% são feitas pelas empresas. A isenção fiscal por investimentos em pesquisa chega a 30% em alguns desses países, enquanto no Brasil é de apenas 5%. ‘Precisamos rever isso’, ressaltou Brito.