Pesquisa: Revista Fapesp publica reportagens sobre os 70 anos da FMUSP

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo foi inaugurada em 1913

ter, 16/03/2004 - 19h12 | Do Portal do Governo

Arnaldo Vieira de Carvalho (1867-1920), cirurgião e ginecologista, e Enéas de Carvalho Aguiar (1902-1958), administrador hospitalar, morreram prematuramente, ambos na casa dos 50 anos de idade, e puderam vislumbrar apenas o nascimento das instituições que fundaram: respectivamente, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), criada em 1913, e seu braço hospitalar, o Hospital das Clínicas de São Paulo (HC), inaugurado em 1944. A memória desses dois médicos é lembrada todos os dias, até mesmo por pessoas que mal sabem quem eles foram. Dr. Arnaldo e dr. Enéas são os nomes de duas movimentadas avenidas paralelas, na Zona Oeste de São Paulo, que comportam o quadrilátero formado pela FMUSP, o HC e seus diversos institutos. Trata-se do mais famoso e produtivo endereço de atendimento de saúde, ensino e pesquisa aplicados à medicina do Brasil.

Paulistas e paulistanos buscam o atendimento do Hospital das Clínicas em casos de emergência e também em aflições corriqueiras, atraídos pela eficiência de seus médicos, um porto seguro em meio às deficiências da saúde pública. Brasileiros de todos os cantos do país, portadores de doenças raras ou tratadas com ferramentas experimentais, acostumaram-se a viajar milhares de quilômetros para se tratar no HC – muitos desconfiam da idéia de que existem centros de excelência em quase todas as regiões. Maior complexo hospitalar da América Latina, o HC fez, só no ano passado, 1,5 milhão de atendimentos ambulatoriais e 550 mil de emergência. Seus 2.492 leitos receberam 60 mil pacientes. Foram realizadas 45 mil cirurgias, entre as quais 500 transplantes e 6 milhões de exames laboratoriais. Como faculdade e hospital formam uma teia complexa e indistinta, o acompanhamento da notável diversidade de pacientes faz a diferença na formação de novos médicos e pesquisadores. Atualmente, a FMUSPabriga 1.422 estudantes de graduação (nota A no Provão) e 2.055 de mestrado e doutorado (70% dos programas de pós-graduação da FMUSP foram muito bem avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A tradição de grande escola de medicina remonta as décadas de 1940 e 1950 – quando um professor catedrático era tão respeitado quanto o governador do Estado e os alunos, submetidos a disciplina férrea, iam às aulas de terno e gravata. Hoje, o perfil dos 344 docentes da FMUSP mudou bastante. ‘O campo de conhecimento da medicina expandiu-se e já não cabe naquelas antigas cadeiras dos catedráticos. Os médicos se especializam cada vez mais cedo’, diz Ricardo Brentani, presidente da Comissão de Pesquisa da faculdade. Outra mudança, essa mais recente, é a dedicação cada vez maior à pesquisa científica. Nosúltimos dez anos, cresceu progressivamente a produtividade dos 62 Laboratórios de Investigação Médica (LIM), os braços depesquisa da FMUSP. Tome-se como referência os trabalhos originais publicados em revistas indexadas na base do Institute for Scientific Information (ISI). Em 1993, constam 72 trabalhos dos LIM na base ISI. Em 2002, esse número saltou para 338. Em termos relativos,oavanço também é significativo. Os LIM eram responsáveis por 1,6% de todas as publicações brasileiras na base ISI em 1993. Em 2002, essa fatia alcançou 3%.

Fabrício Marques – Revista Fapesp

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