Pesquisa: Parceria entre universidades públicas e CSN resulta em projetos de inovação tecnológica

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ter, 01/07/2003 - 8h52 | Do Portal do Governo

A maior dificuldade em parcerias bem-sucedidas entre a universidade e a iniciativa privada, em trabalho conjunto pela busca de inovação tecnológica, é a quantificação dos ganhos. Pelos cálculos da gigante Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a melhoria de produtividade da usina siderúrgica de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, somada ao aumento da qualidade dos aços ali obtidos, resultou em ganhos da ordem de US$ 85 milhões durante um período de 14 anos de convivência com a Universidade Federal de São Carlos (UFScar) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Araraquara.

Lucro decorrente da aplicação de 41 projetos para implementação de novas metodologias e processos após pesquisas realizadas pelo Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (Liec), existente nas duas universidades, junto com o Centro de Pesquisas da CSN. Esse laboratório faz parte há três anos do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), um dos dez Centros dePesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) que fazem parte de um programa especial criado pela FAPESP.

Os ganhos da CSN com as inovações representam um volume de dinheiro considerável para um país com pouca tradição no incentivo à pesquisa e desenvolvimento. Esse valor é ainda maior se considerarmos que boa parte dele resultou da evolução em cerâmicas refratárias, um insumo que, há menos de dez anos, pesava na pauta das importações brasileiras.

Os ganhos e a reviravolta nesse ponto da balança comercial foram atingidos graças à qualificação conquistada pelo Liec e pelos pesquisadores da CSN, que esparramaram seus conhecimentos por toda a cadeia produtiva, que abrange desde as indústrias de matéria-prima para os fabricantes de refratários até as companhias siderúrgicas. Atualmente, muitas empresas nacionais, caso da mineira Magnesita, tornaram-se exportadoras de tecnologia de refratários em magnésio-carbono e magnésio-carbono-alumínio.

A história da parceria CSN-Liec começa bem ao gosto nacional. Plagiando a publicidade de uma indústria de eletroeletrônicos que fez muito sucesso e virou mote popular, ocorreu algo na linha: ‘Os nossos japoneses são melhores do que os deles’. Tudo começou com as dificuldades operacionais no alto-forno, a alma do negócio de uma siderúrgica, onde é produzido o ferro-gusa, fase anteriorao aço.

A CSN contratou a consultoria de uma empresa japonesa, que diagnosticou um problema de choque térmico no queimador cerâmico dos regeneradores. Responsável pelo fornecimento de ar quente para o alto-forno, a paralisação da operação desse equipamento para reforma, por no mínimo seis meses, como sugerido pelos técnicos japoneses, seria um drama para a produção da usina. Assustados diante de tal prognóstico e provável prejuízo – afinal, a estimativa da reforma do queimador girava em torno de US$ 15 milhões -, os dirigentes da CSN resolveram procurar o Liec antes da decisão final.

Marili Ribeiro – Pesquisa FAPESP
-GB-

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