Pesquisa: Jovens estão cada vez mais expostos ao aumento de peso

Programas de educação nutricional em escolas seria o caminho mais viável na conscientização

qua, 20/11/2002 - 20h25 | Do Portal do Governo

Ao analisar o estado nutricional, preferências alimentares e o estilo de vida de 578 adolescentes, com idade entre 10 e 18 anos, matriculados em amostra representativa de sete escolas públicas de Piracicaba, São Paulo, a pesquisadora Daniela Rosseto Caroba notou que havia 22,1% destes jovens com aumento de peso (sobrepeso). O valor esperado, tendo por base uma população sadia, é de 15%.

‘Nossos jovens estão ficando cada vez mais obesos e isso é preocupante’, alerta a pesquisadora em sua dissertação de mestrado ‘A escola e o consumo alimentar de adolescentes matriculados na rede pública de ensino’, defendida em outubro na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba.

Segundo a pesquisadora, esse tipo de alteração metabólica é também atribuído às próprias mudanças comportamentais da faixa etária. ‘O adolescente se afasta da família e passa a ter um círculo amplo de amizades, que o influencia em todos os aspectos de sua vida como na alimentação, moda e prática de esportes’.

Alimentos ricos em vitaminas e minerais – importantes nessa fase de grande desenvolvimento e crescimento físico – têm decréscimo substancial de consumo, dando lugar aos alimentos ricos em carboidratos e lipídios, como salgadinhos, lanches, refrigerantes e doces. ‘Na medida que importantes nutrientes como cálcio, ferro e vitaminas A, B e C passam a ser substituídos pelo consumo excessivo de carboidratos e gorduras, o adolescente pode ter um sobrepeso, além de problemas de saúde mais graves no futuro (como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, câncer, etc)’, lembra Daniela.

O papel da escola

Como os adolescentes passam grande parte de seu tempo na escola (cerca de 4 horas diárias), seria recomendável a implantação, a curto prazo, de programas de educação nutricional.

‘Professores de Educação Física e Ciências abordam, entre outros temas, a relação dos nutrientes e suas funções, mas nem sempre reúnem informações precisas para esclarecer e orientar os escolares quanto a práticas alimentares saudáveis e também quanto aos novos alimentos introduzidos no mercado, como alimentos orgânicos, diet, light, transgênicos’, salienta a pesquisadora.

A influência da televisão também é um dos pontos tocados com importância pela mestranda. Em seu estudo, verificou que os adolescentes passam em média quatro horas assistindo à televisão diariamente. Esse é o mesmo tempo em que passam na escola. ‘A televisão acaba tendo um papel direto sobre os hábitos desse público-alvo. Na medida em que apresenta novos produtos, dita a necessidade de seu consumo e, na maioria das vezes, são alimentos com elevado valor calórico, rico em carboidratos. Além disso, predispõe ao sedentarismo já que jovens passam várias horas expostos à programação televisiva’, conta Daniela.

Programas de educação nutricional em escolas seria, então, o caminho mais viável na conscientização, ao passo que os jovens saberiam selecionar melhor ‘o que e com que freqüência’ consumir o que vê na mídia.

Pesquisa em consumo e educação nutricional ainda são escassas no País. ‘Esse tipo de estudo tende a abrir novos horizontes para os pesquisadores já que esta área ainda está em desenvolvimento. Enquanto isso, a adoção de programas de educação nutricional já estará desempenhando um papel de conscientização junto a sociedade’, recomenda a estudiosa.

Mais informações: (0xx19) 3429-4225 ou pelo e-mail: dcrcarob@carpa.ciagri.usp.br