Pesquisa: Instituto de Geofísica da USP mapeia pontos de neblina em rodovias de São Paulo

Previsão é que o projeto seja concluído em dezembro deste ano

qui, 31/07/2003 - 18h51 | Do Portal do Governo

Visibilidade baixa, faróis acesos, atenção redobrada. A maioria dos motoristas sabe que deve seguir alguns cuidados básicos quando se depara com um nevoeiro pela frente. Se ele ocorre na estrada, o cuidado então deve ser redobrado. Nestas horas, uma pista corretamente sinalizada é fundamental para evitar acidentes. Tornar essa sinalização mais eficiente e precisa é uma das metas de um estudo que o Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP vem desenvolvendo, desde julho do ano passado, a pedido da Via Oeste, concessionária que administra as rodovias Raposo Tavares, Castello Branco e Senador José Ermírio de Moraes (Castelinho).

O trabalho de parceria é centrado no mapeamento científico dos pontos de neblina nas rodovias Castello Branco e Raposo Tavares. O coordenador do trabalho, professor Fábio Luiz Teixeira Gonçalves, explica que equipes de inspetores de tráfego da empresa têm percorrido as rodovias ininterruptamente, registrando em formulários a incidência do fenômeno meteorológico e suas especificidades. ‘Estamos fazendo um monitoramento quilômetro a quilômetro, registrando o dia, a hora e a intensidade do nevoeiro, além de qual tipo ele é’, afirma.

O estudo já revela diferenças na sazonalidade das neblinas das duas rodovias. Na Raposo, por exemplo, não existe um período do ano específico para ocorrer uma maior ou menor incidência do fenômeno. Já na Castelo, percebe-se um aumento de casos de neblina durante o inverno. Em algumas épocas, a diferença chega a ser marcante. Em dezembro de 2002, por exemplo, nenhum caso de neblina foi registrado na Castelo, enquanto que na Raposo o mesmo mês teve número recorde de ocorrências, 16 ao todo. As causas das diferenças ainda são desconhecidas.

A previsão é que o projeto seja concluído em dezembro deste ano. A Via Oeste planeja, com os resultados em mãos, implantar um projeto-piloto no ponto mais crítico de uma dessas rodovias. Entre as ações previstas, estão melhorar os sistemas de alerta através das praças de pedágio e dos 14 painéis eletrônicos já existentes e instalar sinalização específica nos trechos mais perigosos das rodovias, com a colocação de placas, balizadores e ‘olhos de gato’ na cor verde-lima nas laterais e no centro da pista.

A precisão da sinalização será fundamental para orientar o motorista exposto aos riscos do nevoeiro, explica o gerente de operações da empresa, Odair Tafarelo. ‘Uma sinalização errônea pode ser tão ou mais perigosa que a própria neblina. Às vezes, a placa pede que o motorista reduza de 120 para 40 km por hora, e nem sempre isso é necessário, principalmente numa auto-estrada’, afirma, completando que ‘o emplacamento será embasado por um levantamento científico. Daí a importância do projeto. E escolhemos a USP por ela possuir um departamento específico para o assunto’. Tafarelo revela ainda que a Agência Reguladora dos Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) tem recebido bem a idéia e planeja expandir o projeto para outras rodovias do estado.

Da Agência USP

M.J.