Pesquisa: IAC está entre os laboratórios que concluíram seqüenciamento do café

A pesquisa sobre o Genoma Café teve início, há dois anos, por iniciativa do Instituto Agronômico

qua, 11/08/2004 - 19h03 | Do Portal do Governo

Laboratórios de pesquisa de São Paulo, dentre eles dois do Instituto Agronômico (IAC), e de Brasília concluíram o seqüenciamento do genoma do café arábica, espécie responsável por cerca de 80% da produção brasileira de café. Desse cafeeiros tipo arábica no Brasil, aproximadamente 90% são plantados com variedades derivadas do IAC.

A pesquisa sobre o Genoma Café teve início, há dois anos, por iniciativa do Instituto Agronômico. Com base na experiência e nos resultados que o Instituto Agronômico já alcançou ao longo de seus 116 anos na pesquisa do cafeeiro, o IAC, por meio de seu pesquisador Carlos Augusto Colombo, propôs à Fapesp a realização desse seqüenciamento. “O IAC esteve sempre na vanguarda das pesquisas cafeeiras. A iniciativa do Genoma Café foi do IAC, contactando o Consórcio de Pesquisa Cafeeira do Brasil para ser parceiro da Fapesp no projeto”, afirma Colombo, coordenador do Genoma Café em São Paulo.

Aprovada a proposta, foram reunidos vários laboratórios de São Paulo, sendo dois do IAC — um do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Recursos Genéticos Vegetais e outro do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Citros “Sylvio Moreira”. O Instituto Biológico, outro órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo também participa do Genoma Café.

Em São Paulo, ainda participaram laboratórios da USP, Unesp, Unicamp e universidades privadas. Em Brasília, a pesquisa contou com a participação do Cenargem (Centro Nacional de Recursos Genéticos), da Embrapa, que juntamente com a Fapesp e o Consórcio de Pesquisa Cafeeira do Brasil, financiaram a pesquisa.

Resultado

Após dois anos de trabalho, cerca de 150 mil seqüências de genes foram produzidas pelo grupo de laboratórios de São Paulo, que forma a rede chamada Genomas Agronômicos e Ambientais, da Fapesp. Outras 55 mil seqüências, aproximadamente, foram produzidas pelo Cenargem, da Embrapa, em Brasília. Esse resultado encerra a fase da pesquisa destinada ao seqüenciamento do café. O genoma estudado é do tipo EST — só uma região do DNA que codifica uma informação genética.

A partir de agora, as atividades de pesquisa irão convergir para o desenvolvimento da genômica funcional do cafeeiro, de acordo com o pesquisador do IAC e coordenador do Genoma Café em São Paulo, Carlos Augusto Colombo. A continuidade desse trabalho envolve a comparação das seqüências de genes feita com base em bancos internacionais para então identificar quais genes são diferentes entre si. Os resultados preliminares apontam que cerca de 30 mil genes serão identificados.

A expectativa é iniciar o desenvolvimento de projetos para identificação das funções dos genes, o que permite identificar a que aspectos da planta os genes estão relacionados, como maturação, florescimento, produção, sabor de bebida e outros. Esse conhecimento se dará na próxima fase da pesquisa, chamada Genoma Funcional.

Para iniciar essa etapa do trabalho, a comunidade científica paulista já está se organizando para fazer uso do banco de dados produzido nessa fase da pesquisa que acaba de ser concluída.

Segundo Carlos Colombo, o objetivo maior do IAC é aplicar na pesquisa genômica sua experiência histórica. “O Instituto pretende usar todo o seu conjunto de conhecimentos e seus pesquisadores de diferentes áreas de melhoramento de café, para a fase seguinte, a chamada Genoma Funcional, que é a associação de uma função ao gene.”