Pesquisa: HC desenvolve tecnologia para facilitar diagnóstico precoce da hanseníase

Brasil tem cerca de 45 mil novos casos por ano

seg, 18/07/2005 - 11h04 | Do Portal do Governo

A técnica dispensa o uso de seringa e agulha, evita sangramento e reduz os riscos de contaminação microbiana da histamina. O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de infectados, com 45 mil novos casos por ano.

Dos casos diagnosticados, 75% apresentam algum grau de incapacidade física devido ao diagnóstico tardio e 20% encontram-se na fase inicial da doença. O Estado paga, em média, U$ 20,00 por mês para o tratamento do paciente contagiante, que leva de 12 a 24 meses, e U$ 10,00 mensais, durante 6 meses, para o tratamento do paciente não contagiante ou em fase inicial da doença.

A Divisão de Farmácia do Instituto Central (IC) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP desenvolveu tecnologia para acondicionar histamina 1/1000 em capilares de vidro, o que facilita o diagnóstico precoce da hanseníase. A histamina é capaz de identificar, em até um minuto, acometimento do sistema nervoso periférico pelo bacilo de Hansen, quando aplicada sobre a pele manchada ou áreas dormentes. A hanseníase é um sério problema de saúde pública no Brasil. São 45 mil novos casos a cada ano, o que coloca o País em primeiro lugar no ranking mundial de doentes.

O acondicionamento da substância em capilares de vidro, semelhante ao utilizado há cerca de 30 anos atrás, dispensa o uso de seringa e agulha, evita sangramento e reduz os riscos de contaminação microbiana da histamina. O resgate da técnica proporciona aplicação simples e custo mais acessível.

Atualmente, o IC/HC gasta R$ 1,72 por unidade. Pelas facilidades, o Instituto Central do Hospital das Clínicas coloca a tecnologia à disposição de empresas interessadas na realização de parceria para a produção do produto, em uso há três meses pelo hospital.

A produção da substância em escala, segundo Waldemir Rezende, diretor executivo do Instituto Central do HC, viabilizará o diagnóstico e o tratamento precoce da doença pelas Unidades Básicas de Saúde, hospitais públicos e privados e consultórios particulares de todo o Brasil. Além de ser economicamente viável para o governo, com a provável redução de custos no tratamento dos pacientes.

Dos casos diagnosticados, 75% apresentam algum grau de incapacidade física devido ao diagnóstico tardio e 20% encontram-se na fase inicial da doença. O Estado paga, em média, U$ 20,00 por mês para o tratamento do paciente contagiante, que leva de 12 a 24 meses, e U$ 10,00 mensais, durante 6 meses, para o tratamento do paciente não contagiante ou em fase inicial da doença. Para agravar ainda mais esse quadro, um doente contagiante produz cerca de cinco novos casos por ano.

Teste

A realização do diagnóstico com a histamina em capilar não exige a presença de um médico. Ele pode ser realizado por pessoa bem treinada a reconhecer os sinais precoces da moléstia. O teste consiste na quebra das extremidades do capilar de vidro.

Uma picada superficial da área afetada e também da área aparentemente normal, próxima à lesão, com o próprio capilar, colocará a histamina em contato com os filetes nervosos da pele e desencadeará na pele normal, reação de vasodilatação, caracterizada pelo aparecimento de cor avermelhada ampla. Reação incompleta no local manchado denuncia a presença do bacilo de Hansen.

A hanseníase é uma moléstia infecto-contagiosa causada pelo bacilo de Hansen (microbactéria neurotrópica), que se multiplica nos macrófagos de pessoas com déficit imune celular específico.

Inicialmente a doença acomete o sistema nervoso periférico e depois todas as outras áreas, exceto o sistema nervoso central (cérebro). Muitos pacientes ficam incapacitados por atingir especialmente o seu sistema neuro-muscular, além de apresentar deformações no nariz, olhos, testículos e outros órgãos.

Da Agência USP

J.C.