Pesquisa: Fatores genéticos contribuem para identificação da doença de Alzheimer

Genes são pesquisados para averiguar sua influência na manifestação da doença em sua forma tardia

sex, 14/02/2003 - 21h02 | Do Portal do Governo

A doença de Alzheimer é responsável por aproximadamente 60% dos casos de demência no mundo e atinge principalmente idosos. Em virtude da ausência de estudos no Brasil e com o objetivo de possibilitar um diagnóstico precoce, a farmacêutica Heluih Ata Abdallah pesquisou os fatores de risco genéticos que poderiam facilitar o aparecimento da patologia.

Segundo a farmacêutica, autora da dissertação Estudo de fatores genéticos associados a doença de Alzheimer de início tardio, apresentada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, o diagnóstico mais eficiente que existe, o histopatológico, não auxilia o paciente em vida, pois é feito na autópsia. ‘Quanto mais cedo for identificada a doença, melhor será a qualidade de vida do portador.’ A pesquisa foi orientada pelo professor Mário Hiroyuki Hirata.

Heluih observou a população idosa de um asilo na cidade de São Paulo. Do grupo de 650 asilados que concordaram em participar do estudo, 28 portadores da doença foram selecionados. Outros 56 idosos não-doentes fizeram parte do grupo controle. Todos os portadores de Alzheimer a tinham em sua manifestação tardia, ou seja, depois dos 65 anos.

Foi feita uma análise das alterações no gene da proteína relacionada ao receptor da lipoproteína de baixa densidade (LRP) e no gene da presenilina-1. Em ambos os casos não se verificou associações à Alzheimer. ‘Isso quer dizer que, na população brasileira, caucasiana e idosa, a alteração desses genes não têm influência sobre a manifestação da doença’, diz a pesquisadora.

Ela ressalta que em outros lugares do mundo os mesmos genes foram considerados influentes. ‘Por isso o estudo deve ser feito em cada universo específico.’ Heluih também analisou a interação do LRP com o presenilina, mas o resultado foi igualmente negativo.

Estudo inédito

O trabalho, inédito no Brasil, faz parte das pesquisas do Laboratório de Biologia Molecular Aplicado ao Diagnóstico da FCF, em convênio com um grupo da Santa Casa coordenado pelo professor Osmar Monte. Pesquisadores da equipe encontraram, observando a mesma população, outros fatores de riscos genéticos que podem causar Alzheimer tardio: o alelo E4 do gene apolipoproteína E e o gene interleucina 6.

Fatores não-genéticos, chamados ambientais, também podem influenciar na manifestação da doença: tabagismo, hipotiroidismo, idade, depressão, trauma craniano, hereditariedade em Alzheimer, Parkinson e Síndrome de Down e pertencer ao gênero feminino. O doente passa a apresentar deficiências crescentes nas funções cognitivas (fala e gestos) e perda de memória.


Mais informações: (11) 3091-3660 ou pelo e-mail heluata@hotmail.com

Beatriz Camargo – Agência USP

<C.M.>