Pesquisa Fapesp: Música ativa mais áreas do cérebro

Estudo foi apresentado durante 4.º Congresso Mundial de Museus e Centros de Ciência, no Rio de Janeiro

qua, 27/04/2005 - 17h44 | Do Portal do Governo

Uma sólida formação musical faz com que mais áreas do cérebro se ativem quando uma pessoa ouve música. Isso é o que demonstra um experimento proposto pelo novo Museu da Ciência de Barcelona, o CosmoCaixa, e apresentado por seu diretor, o físico Jorge Wagensberg, sábado, dia 9 de abril, durante o 4.º Congresso Mundial de Museus e Centros de Ciência, que ocorre no Rio de Janeiro. ‘É um bom exemplo de como um museu de ciência pode contribuir não só para divulgar, mas para produzir ciência’, diz Wagensberg.

O fenômeno pôde ser claramente observado em duas ressonâncias magnéticas funcionais feitas, simultaneamente, em uma violinista profissional e em outra mulher, com curso superior, sem nenhuma formação na área, que não tinha sequer o hábito de ouvir música. As duas se submeteram ao exame enquanto ouviam a Sinfonia do Novo Mundo, de Dvorak, justamente a obra que a violinista estava executando com sua orquestra por aqueles dias.

Na mulher sem formação musical a sinfonia ativou apenas o córtex cerebral responsável pela audição. Já na violinista ativaram-se sucessivamente essa área, uma outra que se acredita relacionada à linguagem musical, uma terceira, considerada uma região pré-motora, na qual o cérebro ‘planeja’ os movimentos do corpo, e, em menor intensidade, uma quarta cujas funções ainda são desconhecidas.

‘O cérebro da violinista previa antecipadamente as notas, ritmos e acordes da música e tocava mentalmente a obra, imaginando os movimentos que faria para executá-la’, interpreta o físico Wagensberg, que pretende publicar em breve um artigo científico sobre os resultados.

A idéia do experimento nasceu de uma conferência dada no museu pelo neurologista Robert Zatorre, da Universidade Mgill, de Montreal, Canadá, o maior especialista do mundo sobre a interação entre música e cérebro. Há 20 anos na área, ele demonstrou como, graças aos tons musicais, podem se observar fenômenos ligados à plasticidade do cérebro, mudanças anatômicas e inclusive diferenças nas conexões dos neurônios.

Zatorre mostrou, por exemplo, que a zona que controla os dedos apresenta adaptações resultantes, provavelmente, da experiência de manejo de um instrumento musical. As ressonâncias magnéticas com que trabalha revelam não só uma forte resposta neuronal nessas áreas como até mudanças anatômicas com áreas de maior densidade de matéria cinza.

Simone Biehler Mateos

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