Pesquisa: Fapesp Inicia novo programa de internet avançada

Objetivo é desenvolver tecnologia para ser comercializada

sex, 27/06/2003 - 13h21 | Do Portal do Governo

Da Agência de Notícias da FAPESP


Por Thiago Romero

Criar uma rede de alta velocidade entre as principais universidades do país, desenvolver um protocolo comum de educação à distância para diversas instituições, estimular novas tecnologias baseadas na internet com viabilidade comercial. Esses são alguns dos objetivos do programa Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (Tidia) que a FAPESP apresentou nesta sexta-feira, dia 27, durante a cerimônia de lançamento das atividades do Tidia em sua sede, na Capital. A Fundação anunciou os editais de participação para os sub-programas e-learning, incubadora virtual de conteúdos digitais e testbed.

Os grupos interessados poderão apresentar propostas para avaliação pela assessoria da FAPESP. Serão selecionados os estudos com excelência suficiente e melhores condições de se adequar aos projetos, de acordo com as linhas padrão de financiamento da fundação. O Tidia terá duração de cinco anos, contados a partir de hoje, prazo que pode ser estendido dependendo da demanda e desenvolvimento dos estudos envolvidos.

“O objetivo é desenvolver tecnologia para ser comercializada”, diz Luis Fernandez Lopez, presidente da Comissão de Coordenação do Programa Tidia. “Quando se está desenvolvendo ciência, até os resultado errados são importantes, pois melhoram o conhecimento científico básico. É importante que se tenha a cooperação de empresas que transformem as técnicas e produtos tecnológicos em algo comercial, gerando empregos, renda e desenvolvimento econômico para o país.”

Interdependência natural

A FAPESP reservou um orçamento de R$ 10 milhões de por ano para o projeto. A comissão do Tidia distribuiu este orçamento da seguinte forma: R$ 500 mil para a incubadora, R$ 2,5 milhões para o e-learning, R$ 4 milhões para o testbed e R$ 3 milhões de reserva.

A incubadora de conteúdos digitais é uma plataforma que desenvolve software e conteúdos específicos num mesmo espaço físico, centralizado num ponto de troca de tráfego, mas, na prática, acessível em banda larga a toda comunidade acadêmica do mundo.

O primeiro ano do projeto e-learning será dedicado à definição de um protocolo comum e de uma sistemática de trabalho, pois há uma quantidade muito grande de projetos com diferentes métodos de ensino a distância. A princípio, o objetivo do e-learning não será gerar conteúdo e sim ferramentas que serão utilizadas a partir do segundo ano de trabalho.

“Com essas ferramentas, a comunidade acadêmica poderá desenvolver objetos de ensino que se comuniquem e que sejam compatíveis entre si”, diz Lopez. “No futuro, poderemos pegar um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, uní-lo à um curso realizado na Unicamp, e agregá-los numa única aula que pode ser ministrada em uma terceira universidade”. A comunidade acadêmica não terá que pagar nada por isso, já que são ferramentas abertas e livremente distribuídas, disponíveis gratuitamente.

Já o testbed é uma rede experimental que se concentrará em desenvolver projetos de fotônica e engenharia de rede. Hoje a rede Ansp (Academic Network at São Paulo) faz a conexão dos campi das universidades por banda alugada das empresas de telecomunicações. O objetivo do testbed é fazer esta conexão permitindo não só a comunicação, mas a realização de experiências, o que não acontece hoje com a linha telefônica convencional.

O testbed será construído por meio de parcerias com empresas estatais, telefônicas, de telecomunicações em geral e concessionárias de estradas, unindo o governo e a iniciativa privada para ligar por meio de fibras ópticas, em um primeiro momento, São Paulo, Campinas e São Carlos, à velocidade de 400 gigabits por segundo.

Mesmo com características bem diferentes, os três projetos estão relacionados. O e-learning, por exemplo, será desenvolvido dentro da incubadora. Vários projetos de engenharia de rede dependerão da incubadora para desenvolver seus softwares. Uma parte do testbed, uma rede estável para testar o tráfego de aplicativos, será utilizado tanto pela incubadora quanto pelo e-learning .

“Esperamos que muitos pesquisadores apresentem propostas para participar de mais de um desses projetos, para que tenhamos uma boa interação entre todos os grupos participantes”, diz Lopez, que acredita no grande interesse de grupos de pesquisa acadêmicos e de empresas privadas. “Esperamos a partir do segundo ano um crescimento do aporte de investimentos por parte da iniciativa privada, inclusive com incentivos fiscais da Lei da Informática”, ressalta Lopez.
Mais informações podem ser obtidas no site www.agencia.fapesp.br

V.C.