Muito utilizados na indústria cosmética, os flavonóides podem ter sua concentração em extratos determinada de maneira mais econômica, rápida e direta que nos métodos atualmente utilizados. A técnica em questão chama-se espectrofotometria, e embora já seja amplamente utilizada, ainda não havia sido validada na literatura científica para esta finalidade, no extrato em estudo e nas formulações cosméticas de acordo com as condições do experimento.
‘Após uma simples diluição é possível obter resultados rápidos e precisos, mesmo em concentrações reduzidas da substância ativa’, afirma o farmacêutico-bioquímico André Rolim Baby, que no estudo apresentado à Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP ainda desenvolveu duas bases que podem servir de veículo para vários tipos de cosméticos.
A principal aplicação dos flavonóides nesta indústria diz respeito a sua elevada capacidade antioxidante, que pode auxiliar no retardamento do envelhecimento cutâneo, na proteção solar e até na prevenção da celulite. Plantas conhecidas popularmente, como a catuaba (Trichilia catigua) e a marapuama (Ptychopetalum olacoides), já são bastante estudadas com esta finalidade. ‘A tendência atual da Cosmetologia é a utilização de produtos naturais ricos em substâncias como os flavonóides’, explica ele.
Por conta disso, esta metodologia deve trazer benefícios para a indústria. Como alternativa à cromatografia, entre outras técnicas, a espectrofotometria é tão sensível quanto e fornece resultados mais rapidamente. ‘Além disso, os solventes utilizados e os equipamentos necessários são mais economicamente viáveis’, complementa.
Outro ponto a favor desta técnica é que, pelo menos nas amostras utilizadas, nenhuma outra substância presente interfere na quantificação dos flavonóides do extrato. ‘Esta metodologia está ausente de interferência de outros compostos, tanto do extrato quanto das formulações desenvolvidas.’ Com tantas vantagens, o pesquisador acredita que este método tem tudo para ser ainda mais amplamente difundido.
Bases
Apesar deste destaque da pesquisa de Baby, ela começou originalmente com o desenvolvimento de bases para um composto comercial de catuaba e marapuama, que foi lançado recentemente no mercado. No total, ele selecionou duas formulações que, após avaliação da estabilidade, preservaram a concentração adequada do ativo nas condições de baixas temperaturas e ambiente, mesmo expostas à luz solar.
Isso significa que elas podem resistir a variações de temperatura e luminosidade, sem alterações relevantes de consistência, aparência, cor, odor e pH. Levando em conta a utilização do produto, foram empregados componentes diferenciados, priorizando a aplicação facilitada e sensação táctil do produto. ‘A usuária aplica com massagem a loção na pele, que deve oferecer sensorial agradável e, após vestir-se, a base não deve se transferir para a roupa’, exemplifica.
Por utilizar matérias-primas diferenciadas, o custo destas bases não é tão baixo. Mas por outro lado, uma boa parte do trabalho para que ela seja utilizada com outros ativos e demais finalidades já está iniciado. ‘O desenvolvimento de outros produtos, como hidratantes e cremes de massagem, por exemplo, ficaria facilitado, pois já temos muitas informações sobre o comportamento delas durante o envelhecimento’, conclui.
O estudo, que foi desenvolvido no Laboratório de Farmacotécnica e Cosmetologia da FCF, foi o tema da dissertação de mestrado de Baby, e contou com a orientação da professora Maria Valéria Robles Velasco, da FCF.
Comunicação USP
F.C.
