Pesquisa: Estudo aborda o surgimento dos seres vivos

Modelo matemático descreve a competição entre moléculas que permitiu o surgimento dos seres vivos na Terra

ter, 06/05/2003 - 18h04 | Do Portal do Governo

Ícone da ciência moderna, a molécula de DNA é a única sobrevivente de uma luta que durou milhões de anos. Inconfundível em seu formato de dois cordões enrolados entre si, emergiu de uma intensa competição com outras estruturas químicas capazes de copiarem a si mesmas.

Só triunfou porque, entre elas, houve cooperação – ou altruísmo, usando um termo emprestado da antropologia. As moléculas mais refinadas, que conseguiam ganhar tempo copiando-se por meio de enzimas, um tipo de proteína, auxiliavam, provavelmente de modo involuntário, as mais primitivas, que geravam réplicas de si mesmas por métodos mais demorados.

As inteiramente egoístas, por alguma razão incapazes de prestar ajuda, simplesmente desapareceram. Só depois de encerrado o processo de seleção entre os participantes cada vez mais aptos é que começaram a se formar os primeiros organismos na Terra, há prováveis 4,5 bilhões de anos.

A reconstituição dos bastidores da vida no planeta com este novo ingrediente, a cooperação entre moléculas, resulta do trabalho realizado não por um químico ou biólogo, como se poderia esperar, mas por um físico, o gaúcho José Fernando Fontanari, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP).

Há sete anos, ele suspeitou que as fórmulas que apresentava a seus alunos de mecânica estatística não serviriam apenas para descrever os modos pelos quais os átomos reagem uns com os outros. Se vistas como um modelo de interação entre partículas, talvez solucionassem problemas mais abrangentes, que os biólogos tratavam apenas de modo conceitual, provavelmente por se sentirem pouco à vontade com equações e modelos matemáticos.

A intuição estava certa. Em dois artigos recentes, publicados em outubro e novembro de 2002 na Physical Review Letters , Fontanari descreve matematicamente como começou e transcorreu o processo de seleção que levou a uma única molécula vencedora, o DNA, cuja elegante estrutura foi descoberta há exatos 50 anos, como resultado de um trabalho conjunto entre físicos e biólogos, e hoje é conhecida a ponto de nem mais ser preciso lembrar que se trata da sigla do ácido desoxirribonucléico.

Carlos Fioravanti – Revista Fapesp

Leia a matéria completa no site da