Pesquisa: Estuda a vida de idosos afro-descendentes

Tema foi defendido em tese de mestrado na Unesp

qua, 10/11/2004 - 13h59 | Do Portal do Governo

Do Portal da Unesp


Se, na juventude, a vida dos afro-descendentes é marcada por uma série de dificuldades; durante a velhice eles precisam vencer obstáculos ainda maiores. Como se já não bastasse lidar com as limitações inerentes à idade, a maioria dos idosos negros enfrenta também o preconceito racial e o descaso geralmente dispensado aos cidadãos aposentados no País.

Mas nem todos se deixam abater, alguns deles enfrentam a terceira idade com alegria e disposição. ‘Para superar os problemas, muitos demonstram a mesma vitalidade apresentada pelos jovens’, diz a coordenadora do núcleo da Universidade Aberta à Terceira Idade na Reitoria da UNESP, Vilma Cristina da Silva Militão.

Pós-graduada em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/São Paulo), Vilma defendeu, em maio último, a dissertação do mestrado: ‘Um Estudo Sobre a Visão de Homens Negros em Relação ao seu Próprio Envelhecimento na Capital do Estado de São Paulo’. Para este trabalho, a pesquisadora – que também exerce a função de analista técnica na Pró-reitoria de Extensão da UNESP – entrevistou seis idosos afro-descentes, cujo dia-a-dia é um exemplo de otimismo. ‘Conversando, pude conhecer a trajetória de vida deles e verificar o que a terceira idade significa para cada um’, explica Vilma.

Moradores da cidade de São Paulo, os entrevistados têm entre e 60 e 85 anos de idade. Nascidos em diferentes estados do Brasil, eles possuem estilos de vida distintos, mas com uma característica em comum: todos possuem um cotidiano bastante ativo. ‘Embora levem uma vida menos agitada, atualmente, nenhum deles pensa em abandonar a sua rotina de trabalho ou os seus demais afazeres’, diz a pesquisadora. ‘Na terceira idade, não há nada mais gratificante do que ter um dia-a-dia produtivo’.

Ao reunir os depoimentos necessários para concluir a sua pesquisa, Vilma decidiu preservar a identidade dos idosos com quem conviveu. Para identificá-los, ela criou pseudônimos relacionados às suas características pessoais ou ao que eles mais estimam individualmente. ‘Com o passar dos anos, esses senhores desenvolveram paixões das quais nunca se afastaram’, conta. ‘Enquanto alguns perseguiram um determinado objetivo, outros depositaram os seus sonhos na prática de atividades como o esporte, a dança e a dramaturgia’.

Encontro de gerações

A Universidade Aberta da Terceira Idade integra jovens e idosos
Música, teatro e literatura são alguns dos elementos que fazem do cotidiano de boa parte dos alunos da Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati) da UNESP uma autêntica maratona de atividades artísticas e culturais.

Com o auxílio de funcionários e jovens universitários, idosos de várias cidades do estado de São Paulo têm acesso a uma série de oficinas, cursos e palestras voltadas à terceira-idade. ‘Nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida desses idosos e integrá-los a nossa comunidade’, diz a coordenadora chefe da Unati e diretora da Faculdade de Filosofia e Ciências, campus de Marília, Maria Cândida Del Masso.

Na UNESP, a Unati começou a ser discutida em 1993. Em 1995, ela foi implementada na FFC, por meio de uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão Universitária (Proex) da Universidade. Após fazer um grande sucesso em diversas outras unidades, o projeto foi instituído, em 2001, na Reitoria. ‘Nesse local a Unati exerce um papel diferenciado: além de atender os idosos da comunidade, ela oferece atividades para funcionários em processo de envelhecimento’, explica a coordenadora da núcleo Unati na Reitoria da UNESP, Vilma Cristina da Silva Militão. Atualmente, a Unati atua na Reitoria da UNESP e em 14 campi.

Mais informações podem ser obtidas no site www.unesp.br
V.C.