Pesquisa: Diretrizes educacionais podem ser influenciadas pelo valor que aluno dá a curso

Estudante que se sente parte da escola poderá retribuir o que aprendeu

qui, 23/10/2003 - 15h13 | Do Portal do Governo

Desenvolvida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), a dissertação de mestrado Valor em serviços educacionais teve por finalidade interpretar o conceito subjetivo de valor, e verificar o quanto ele pode ser importante na implementação de políticas educacionais, tanto para a instituição quanto para o aluno.

O estudo realizado pela administradora Tânia Veludo de Oliveira avaliou 27 alunos de três diferentes modalidades de pós-graduação da FEA: mestrado, doutorado e MBA (curso de especialização). A base para a pesquisa foram entrevistas com os estudantes, que procuravam verificar, por meio de questões materiais, como opinião sobre as instalações da escola, e subjetivas, a que os alunos atribuem valor no processo educacional.

As atribuições de valor foram divididas em cinco segmentos: compartilhamento, aprendizado, pertencimento, autoconfiança e contribuições/deveres. De modo geral, observou-se que os alunos de MBA concedem valor de maneira diferente dos de mestrado e doutorado, cursos mais voltados à área acadêmica.

‘Para os alunos de MBA, o aprendizado é imediatista. Em muitos casos, eles têm o curso pago pela empresa em que trabalham e o valor para eles aparecerá quando voltarem para suas atividades profissionais e mostrarem o que aprenderam’, explica Tânia. Essa diferença também se reflete nos outros aspectos, como no compartilhamento: para os alunos de MBA, a relação com os colegas parece ser mais importante do que entre professor e aluno.

Longo prazo

A pesquisadora verificou que, embora seja um serviço, a educação necessita de interpretações diferentes da relação público alvo-instituição. ‘Nesse serviço, mais do que em qualquer outro, os resultados devem aparecer a longo prazo’, justifica. Para Tânia, por muitas vezes o conceito de valor pode erroneamente ser atribuído a aspectos que não necessariamente trazem benefícios para o estudante no futuro, como por exemplo um critério menos rigoroso na hora de avaliação, que apenas ‘forneceriam uma satisfação momentânea ao aluno’.

Em muitos casos, o conceito de valor pode ser atribuído a elementos aparentemente simples, como ‘um professor que chama o aluno pelo nome e uma escola que proporciona o envolvimento do estudante no curso’, comenta Tânia. Aspectos como esses podem colaborar em uma avaliação positiva que o aluno faz do curso, estimulando assim a criação de um vínculo entre estudante e instituição. ‘Se o aluno se sente parte da escola, ele pode posteriormente retribuir o que aprendeu, com atividades como palestras para atuais estudantes’, aponta.

Da Agência USP de Notícias/Olavo Soares/L.S.