Pesquisa: Desempenho de gado Nelore é avaliado em pasto de capim-braquiarão

Projeto foi dsenvolvido na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP

ter, 20/05/2003 - 20h45 | Do Portal do Governo

O projeto de pesquisa Braquiarão x Nelore, desenvolvido na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP de Pirassununga, vem estudando de maneira multidisciplinar o capim-braquiarão (Brachiaria brizantha), ou cultivar Marandu, em pastagens para a raça bovina Nelore.

O estudo avalia o desempenho do animal em crescimento e todo o ecossistema de pastagem a fim de estabelecer o manejo ideal do capim. A ‘parceria’ entre o braquiarão e a raça Nelore foi escolhida por constituir a base genética da produção de carne na região Centro-Oeste do Brasil.

Segundo o professor Valdo Rodrigues Herling, um dos coordenadores do projeto juntamente com o professor Pedro Henrique de Cerqueira Luz, alguns resultados já estão sendo discutidos e apresentados em workshops, reuniões e congressos.

Herling conta que, num período de 140 dias, considerando o aumento da quantidade de forragem ofertada, a resposta em relação à taxa de lotação – número de animais por área de pastagem – foi decrescente, de 5,75 UA/ha (Unidade Animal por hectare) para 2,7 UA/ha (5% para 20%). Com relação ao ganho de peso por área, foram 332 kg de peso animal por ha, e um ganho médio diário por animal de 0,56 kg. ‘Podemos considerar os resultados ótimos, levando em conta que a média da lotação de pastagens no Brasil é de 0,6 UA/ha, para animais com 450 kg, e ganho médio diário por animal de 0,14 Kg (50 kg por ha/ano)’.

A implantação do projeto teve início em 2001 no campus da USP em Pirassununga, com um planejamento de continuidade das avaliações por mais três anos. Desde então, os animais são submetidos à oferta diária de forragem de 5%, 10%, 15% e 20% (kg massa seca/100 kg de peso animal/dia) e manejados pelo método de lotação rotacionada. ‘Isso significa sete dias de ocupação dos piquetes por 28 de descanso, durante o verão, e 56 dias durante o inverno’, descreve Herling. A área experimental possui 27 hectares, entre piquetes e corredores de manejo e comportou, até o momento, um máximo de 190 animais.

De acordo com o pesquisador, o enfoque central no manejo da pastagem é obter a máxima resposta da planta forrageira e dos animais que a utilizam. ‘Para obtermos o melhor resultado desse ecossistema e sua sustentabilidade temos de considerar não apenas esses dois componentes, mas o solo, o clima e o manejo aplicado’, explicam Herling e Luz.

O mecanismo entre estes componentes, que interagem entre si, é complexo. Dentro desse contexto, pode-se dizer que trata-se de um projeto inovador. ‘As linhas de pesquisa visam justamente caracterizar cada compartimento desse ecossistema: o solo, nas partes aérea e subterrânea; o animal, por seu desempenho; o clima e o manejo’, completa o professor. Para tanto, o projeto reúne cerca de 50 componentes entre alunos, de graduação e pós, e pesquisadores da USP, UNESP e da Universidade Federal de Uberlândia.

Características

O capim-braquiarão surgiu na década de 80, lançado pela Embrapa, sendo bem aceito pelos produtores por apresentar resistência às cigarrinhas-das-pastagens e ao pisoteio. ‘Além disso tem bom valor nutritivo, altas produções de massa verde e sementes viáveis’, conta Herling. Mesmo sendo um lançamento não muito recente e de ampla área ocupada, muito ainda se deve pesquisar para encontrar o seu pastejo ótimo para os principais ecossistemas brasileiros.

O nelore é um animal adaptado às condições dos trópicos, pois apresenta pêlos curtos, finos, claros e lisos que auxiliam na eliminação do calor. Além disso, enfrentam os períodos de seca que duram até seis meses. Possui bons aprumos, cascos e ligamentos firmes. ‘Trata-se de uma raça rústica, fértil, prolífera, com longa vida reprodutiva e resistente às doenças daquela região’, diz o pesquisador. Detalhes do projeto podem ser acessados na internet pelo endereço www.braquiaraonelore.hpg.com.br

Da Redação, Agência USP