Pesquisa da Esalq recomenda que escolas incentivem consumo de hortaliças

Levantamento contou com a participação de 210 alunos, com idade entre sete e 14 anos

qua, 07/05/2003 - 12h05 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba recomenda o aumento no consumo de hortaliças em escolas. Segundo o estudo, a medida contribuirá, a longo prazo, para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis de crianças em idade escolar.

Para elaborar sua dissertação de mestrado Hortaliças: consumo e preferências de escolares, a pesquisadora Michele Sanches contou com a participação de 210 alunos, com idade entre sete e 14 anos, de seis escolas municipais de ensino fundamental de Piracicaba. Entre as crianças que disseram consumir hortaliças no mínimo seis vezes por semana, 45,8% são de famílias de menor renda, e somente 10,4% pertencem a famílias com maior renda per capita.

‘Dessa forma, verificou-se que a boa receptividade por parte dos alunos de menor poder aquisitivo pode decorrer do fato de essas crianças e adolescentes não disporem de muitas opções de alimentos em suas residências. Com isso, recebem com maior facilidade as novas alternativas alimentares que lhes são apresentadas por meio dos programas gratuitos de alimentação, instituidos nas unidades de ensino’, observa.

Vegetal na merenda

De acordo com a pesquisadora, uma das grandes dificuldades em oferecer vegetais na merenda é a falta de recursos humanos já que, na maioria das vezes, tem-se apenas uma ou duas pessoas para cuidar das refeições da escola.

‘Com poucas merendeiras torna-se difícil elaborar cardápios ricos em vegetais porque requerem atenção demorada em sua higienização e preparo.’ Uma das formas de incorporar hortaliças na merenda escolar seria a utilização de alimentos minimamente processados – que passam por higienização, descascamento, corte e empacotamento – tendo sua vida útil prolongada, se adequadamente refrigerados.

Importância de parcerias

Uma alternativa para possibilitar a introdução das hortaliças no cardápio escolar seria a criação de parcerias com cooperativas de agricultores locais ou de municípios vizinhos. ‘Essa associação reduziria o preço das hortaliças, aumentando o poder de compra para as escolas’, argumenta.

Outra opção seria propor às prefeituras uma pesquisa de quais pratos as crianças gostam de consumir e a possibilidade de adotá-los ‘O importante é conhecer o hábito alimentar da criança para usar a verba na compra de alimentos adequados e com boa aceitação.’
Pratos como sopas, apesar de conter uma diversidade alimentar, são os menos aceitos. Os alimentos preferidos seriam a cenoura (31,4%), batata (28,6%) e tomate (10,5%). ‘São mais aprovados devido apresentar variedade e criatividade.’

Na sala de aula, o ensino da importância das vitaminas, proteínas e minerais, segundo a pesquisadora, ainda é teórico e distante do universo do aluno. A dinamização, utilizando aulas práticas, como o plantio de pequenas hortas, contribuiriam não só para o aprendizado, mas também para a conscientização de alunos e pais.

De acordo com a pesquisa, uma dieta rica em hortaliças reduz os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, crônicas e câncer. ‘Desde cedo a criança deve se familiarizar com uma alimentação saudável, a fim de evitar doenças futuras’, recomenda a pesquisadora.

SERVIÇO
Mais informações pelo telefone (19) 3429-4225, ou
e-mail msanches@esalq.usp.br

(AM)