Pesquisa: CNPq aprova projeto de pesquisa da USP com células-tronco

Projeto abre novas perspectivas para o tratamento de doenças como diabetes e Mal de Parkinson

qui, 17/11/2005 - 13h55 | Do Portal do Governo

Projeto, que abre novas perspectivas para o tratamento de doenças como diabetes e Mal de Parkinson, depende da regulamentação da Lei de Biossegurança

Um grupo de pesquisadores do Instituto de Biociências da USP conseguiu a aprovação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para desenvolver as primeiras linhagens brasileiras de células-tronco embrionárias (CTEs) humanas. A pesquisa é considerada uma das áreas mais promissoras da biomedicina e utiliza as células presentes nos primeiros estágios de desenvolvimento embrionário, que se diferenciam para dar origem a todos os tecidos do organismo. A proposta é explorar o potencial das CTEs na recuperação de tecidos lesionados.

O trabalho é coordenado por Mayana Zatz, geneticista do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências da USP. Ela explica que as células-tronco embrionárias abrem novas perspectivas para o tratamento de várias enfermidades, como o diabetes e o Mal de Parkinson. Em especial, de doenças neuromusculares que comprometem jovens e crianças – distrofias musculares progressivas, que acometem uma a cada mil pessoas; e quando aparecem nas formas infantis são mais comuns do que o câncer.

Os embriões ainda não estão disponíveis, mas a pesquisadora está articulando parcerias com clínicas de reprodução humana para sua obtenção. Atualmente, só é possível utilizar embriões produzidos por fertilização no laboratório para fins de reprodução assistida se estiverem congelados há mais de três anos e se doados para pesquisa com o consentimento dos pais.

Lei de Biossegurança – Depois de conseguir os embriões, o primeiro desafio dos estudiosos será descongelá-lo, extrair as células-tronco de seu interior e tentar definir uma linhagem celular permanente que sirva de base para as pesquisas. Nesse processo, o embrião é destruído e, por esse motivo, o estudo é combatido por grupos religiosos que se opõem aos estudos, por considerarem o embrião um ser humano.

O passo seguinte dos cientistas será tentar controlar a evolução das células embrionárias para que se transformem em células musculares e nervosas. Em seguida, serão iniciadas as experiências com camundongos no laboratório. ‘A maior dificuldade é a falta de regulamentação da Lei de Biossegurança. Paralisada em Brasília, impede o estudo em todo o território nacional. Além disso, impossibilita a importação de camundongos transgênicos, fundamentais para os testes laboratoriais’, explica.

A geneticista, que dirige o Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, informa que receberá R$ 400 mil do CNPq para o projeto. O estudo será feito em colaboração com cientistas da Universidade Estadual do Ceará. ‘Queremos começar as pesquisas no início de 2006. Já estamos muito atrasados em comparação com outros países. Se não corrermos, no futuro o País precisará importar a tecnologia e pagar por esse conhecimento’, avisa.

Rogério Silveira
Da Agência Imprensa Oficial