Pesquisa: Avaliação sócio-econômica de favelas pode ser feita com método ágil e barato

Estudo recente foi realizado na Escola Politécnica (Poli) da USP

qua, 26/10/2005 - 18h57 | Do Portal do Governo

Há algumas décadas, a prática usual para resolver a questão das favelas era remover seus habitantes para um conjunto habitacional em uma outra região. Atualmente, a opção pela urbanização vem se mostrando uma melhor alternativa. No entanto, essa solução exige maior conhecimento sobre a população alvo, e o modelo de levantamento dessas informações mais praticado até então é muito dispendioso (tem custo levado e é trabalhoso). Num estudo recente realizado na Escola Politécnica (Poli) da USP, o engenheiro Waldemar Bon sugere uma ‘metodologia de baixo custo, relativamente ágil, baseada em informações públicas’.

‘Para planejar a reurbanização de uma favela é necessário coletar uma série de dados que tracem o perfil de sua população, a fim de fazer um planejamento que se apresente eficaz’, defende o engenheiro, que apresentou seu estudo de mestrado Poli. Entre as informações necessárias estão o número de domicílios, quem são os chefes de família, renda, escolaridade, sexo, idade, atendimento de serviços públicos de água e esgoto, entre outros itens.

No município de São Paulo, o levantamento destes dados tem sido feito principalmente com pesquisa de campo – recenseadores vão às residências. Esse modelo foi utilizado no Estudo das Favelas (1974), no Censo das Favelas (1987), no Levantamento Amostral (1993) e em parte pelo Estimativas de população (2003). ‘É um procedimento muito caro e demorado, é o mesmo usado pelo IBGE – que por tais razões só realiza o censo a cada dez anos’, comenta Bon.

O pesquisador sugere a utilização dos dados do recenseamento do IBGE, que são gratuitos e facilmente acessíveis. ‘Mas muitos ainda se recusam a aproveitá-los por apresentarem deficiências que dificultam a precisão da análise’. Uma das falhas apontadas é o fato de o instituto não classificar como ‘setor sub-normal’ favelas com menos de 50 domicílios, ignorando-as para a contagem desse universo. Outro defeito citado é o uso de croquis (desenhos artísticos) na cartografia das regiões, ao invés de fotografia, o que gera distorções de área e impedem a rigorosidade e precisão da representação.

A pesquisa do engenheiro foi toda feita com dados públicos. Uma análise da viabilidade do estudo já foi solicitada pelos técnicos da Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo.

Mais informações, (011) 3761-4599 e 9974-9016, com Waldemar Bon.

Agência USP de Notícias