Pesquisa: Análise de DNA identifica dois tipos de bacilos da tuberculose no Estado

Descoberta pode ajudar no desenvolvimento de vacinas

ter, 28/06/2005 - 18h56 | Do Portal do Governo

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP concluíram a identificação de dois tipos genéticos do Mycobacteruim tuberculosis (Mtb), bactéria causadora da tuberculose, no estado de São Paulo. Os dados, obtidos pelo Departamento de Microbiologia do ICB, poderão ajudar a desenvolver novas técnicas diagnósticas e vacinas. O grupo pretende montar um laboratório móvel para coletar mais amostras e continuar o estudo em outros estados.

A análise do DNA das bactérias utilizou 269 amostras oriundas de doentes de tuberculose em São Paulo. ‘Foram feitos dois testes, o RLFP, Restriction Fragment Length Polimorphism, e o RAPD, Ramdon Amplification of Polimorphic DNA’, diz o professor do ICB, Manoel Armando dos Santos, coordenador da pesquisa. ‘A tipagem genética levou quatro anos e identificou dois tipos da bactéria, com materiais genéticos distintos, sendo que um deles aparecia em número maior de amostras.’

O escarro dos doentes foi recolhido em hospitais, laboratórios e no Instituto Clemente Ferreira, especializado em doenças do tórax. A pesquisa também verificou a sobrevivência da bactéria fora do hospedeiro. ‘Nas amostras de escarro, armazenadas em coletores e mantidos sob refrigeração, os bacilos sobreviveram por até cerca de 20 dias.’

Crescimento
Com base nas informações contidas no DNA, os pesquisadores do ICB procuram estabelecer a relação entre tipos genéticos e características fenotípicas da bactéria. ‘Os resultados preliminares apontam que o tipo mais encontrado do Mtb expressa crescimento tardio, entre 30 e 60 dias, e o menos comum cresce rapidamente, em até 30 dias’, conta o professor. ‘Confirmados esses dados, pesquisas com o corpo clínico poderão determinar a participação dos diferentes tipos de bacilos na evolução da tuberculose.’

Segundo Santos, o grupo de pesquisa do ICB pretende montar um laboratório móvel para analisar amostras do Mtb. ‘Uma equipe percorrerá determinados pontos do Brasil para verificar quantos tipos genéticos da bactéria existem no País, num trabalho que pode durar cerca de quatro anos’, calcula. ‘O início do projeto depende da aprovação da comunidade científica e da conseqüente obtenção de apoio.’

O Laboratório de Tuberculose do Departamento de Microbiologia do ICB pesquisa a viabilidade do Mtb com relação à coleta, transporte, descontaminação e uso de amostras de escarro ou saliva humana para diagnóstico. Outra linha de pesquisa estuda a prevalência da doença em animais. ‘A tuberculose também é uma zoonose e, mesmo que o ser humano esteja curado, os animais podem servir como fonte de infeção’, ressalta o pesquisador. ‘O Laboratório pesquisa a presença da bactéria em cães, cervos, papagaios e no macaco-prego.’

Comunicação da USP

F.C.