Pediatria: Cartilha educativa da USP busca orientar mães de bebês prematuros

Material é ilustrado e aborda 27 assuntos, divididos em cinco capítulos

qui, 24/07/2003 - 10h08 | Do Portal do Governo

Do Portal da USP
Por Juliana Kiyomura Moreno

Pesquisadora da Escola de Enfermaria da USP de Ribeirão Preto desenvolve trabalho pioneiro e produz cartilha educativa voltada para mães de prematuros. O material é ilustrado e aborda 27 assuntos, dividididos em cinco capítulos e 48 páginas

Em casos de partos prematuros, não só a criança, mas também mãe e família têm necessidades especiais, tanto antes como após a saída do hospital. O estudo Cuidados com o bebê prematuro: cartilha educativa para orientação materna, da enfermeira Luciana Mara Monti Fonseca, apresentado à Escola de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto (EERP), resultou numa cartilha educativa que orienta as mães de bebês prematuros.

Com um material ilustrado, a cartilha aborda 27 assuntos, divididos em cinco capítulos e 48 páginas. Cuidados especiais, alimentação, higiene, cuidados diários e relacionamento familiar são tratados utilizando uma linguagem acessível. ‘O prematuro não precisa viver numa redoma de vidro. A partir da orientação do profissional de saúde e da leitura comentada desta cartilha, a mãe vai, aos poucos, incorporando hábitos como a necessidade do acompanhamento pediátrico, a importância da amamentação, se possível até os dois anos, e o apoio e participação da família’, comenta.

De acordo com o estudo, cada vez mais os prematuros têm recebido precocemente alta hospitalar e isto pode levar a novas hospitalizações que poderiam ser evitadas. Ao pesquisar durante três anos (de 1999 a 2002), na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (Ucin), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC/FMRP) de Ribeirão Preto da USP, Luciana notou, por intermédio de grupos de discussões, que a maioria das mulheres eram jovens mães, com baixa renda e instrução básica.

Desta forma, havia uma dificuldade no tratamento e no cuidado destes bebês após a saída dos hospitais. ‘Devido ao próprio distanciamento necessário entre o período de internação desta criança prematura e a retomada do contato materno, muitas mães temem cuidar deste bebê em casa por achá-lo muito frágil. Além disso, carregam a concepção de que o prematuro necessita de cuidados especiais que elas não podem fornecer’, explica a pesquisadora.

Metodologia participativa

Segundo Luciana, desde o início de seu trabalho o maior objetivo era desenvolver um material didático-instrucional, utilizando uma metodologia participativa. ‘Um dos pontos principais em meu estudo foi acompanhar o trabalho das enfermeiras e o dia-a-dia dessas mães no hospital. Percebi que ao sair da internação as enfermeiras davam às mães uma orientação cheia de normas que deveriam ser seguidas sem saber o porquê. Com isso havia a necessidade dessas respostas a partir de uma conscientização mais específica e ao mesmo tempo acessível’, conta.

A Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto financiou o fotolito e agora Luciana busca financiamento para a publicação de exemplares. ‘Apesar da importância de um material como este, ainda não tenho verba para a distribuição da cartilha’, desabafa.

Após impressa, a cartilha será inicialmente distribuída no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Em seguida, a pesquisadora pretende buscar apoio do Ministério da Saúde para distribuí-la gratuitamente em hospitais e serviços de saúde públicos. Por enquanto, a cartilha encontra-se disponível para consultas no site www.eerp.usp.br/gesca/cartilha/index.htm

V.C.