‘São Paulo está há oito anos sem registrar um único foco de febre aftosa’, informa o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Duarte Nogueira. Na última campanha oficial de vacinação contra a doença, em novembro do ano passado, foram vacinados 99,42% do rebanho paulista, de 14,4 milhões de cabeças. ‘Um novo recorde na história das campanhas’, assegura o secretário.
Ele ressalta que os seguidos registros de recordes na campanha são fruto do trabalho realizado pela equipe técnica da Defesa Agropecuária, órgão ligado à secretaria. ‘Comprova também o interesse dos pecuaristas e da iniciativa privada no combate da doença’, destaca.
Para o secretário, é hora de o Brasil aumentar os investimentos em sanidade animal e reforçar as exportações de carne bovina, focando as atenções em países consumidores como Japão, Coréia do Sul, Cingapura, Taiwan e Rússia. ‘No entanto, primeiramente os setores público e privado precisam encontrar soluções que eliminem barreiras sanitárias envolvendo alguns desses mercados importadores, como o Japão e Coréia do Sul, principais compradores da carne dos EUA e que ainda não firmaram acordos comerciais com os exportadores brasileiros.’
O Brasil, sobretudo o Estado de São Paulo, principal centro consumidor e exportador de carne bovina do País, está pronto para atender a uma possível demanda adicional por parte dos importadores que deixaram de comprar o produto dos Estados Unidos depois do surgimento, em dezembro, de um caso da doença da ‘vaca louca’.
O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo. Por isso, tornou-se este ano o principal exportador mundial de carne, desbancando dois concorrentes diretos, Austrália e Estados Unidos. ‘Além da abundância de matéria-prima, temos ainda capacidade instalada para exportar, com frigoríficos modernos e competitivos, capazes de atender ao crescimento das exportações no médio e longo prazos, e também portos eficientes, como o de Santos, uma das principais vias de escoamento dos produtos agropecuários’, afirma Nogueira. Os frigoríficos paulistas, informa o secretário, respondem por mais de 70% das exportações de carne.
Acabando com a febre do boi
A erradicação total da febre aftosa no continente americano, por meio de ações emergenciais e um fundo de recursos, será a proposta do governo paulista em conferência internacional em Houston, Texas (EUA) em 3 e 4 de março. O encontro é promovido pela Organização Pan-Americana de Saúde, vinculada à Organização Mundial de Saúde (OMS). O objetivo é fortalecer os níveis de decisão política que assegurem compromissos nacionais e regionais para consolidar a erradicação da doença no continente.
O secretário de estado da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos de Souza Meirelles, participará do encontro. Ele irá falar sobre a cadeia produtiva da carne e importância da integração de todos os segmentos da agropecuária na erradicação da febre aftosa. Irá propor, em nome do governo paulista, a criação de grupo de trabalho específico e fundo de recursos para o combate à doença no continente americano.
A conferência foi proposta pelo próprio secretário Meirelles, em abril do ano passado, em Punta del Leste, no Uruguai, durante reunião de empresários de todo o mundo ligados à pecuária, membros do International Meat Secretariat (IMS, Secretaria Internacional da Carne). A conferência foi aprovada em outubro, em Paris, França, sede da entidade e ratificada em reunião do Comitê Hemisférico para Erradicação da Febre Aftosa, em outubro, em Washington, Estados Unidos.
O encontro, feito em parceria com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, contará com a participação de agentes da produção agropecuária, entidades públicas e privadas nos âmbitos regional e global. É realizado paralelamente ao Show Anual de Pecuária de Houston (Houston Livestock Show).
