Patrimônio Histórico: Engenho dos Erasmos vai ficar mais próximo do público

Serão construídos um auditório e um centro de pesquisa

qua, 15/01/2003 - 13h02 | Do Portal do Governo

O Engenho dos Erasmos, um dos três mais antigos engenhos de cana-de-açúcar do Brasil, oferecerá a seus visitantes um auditório e um museu para ampliar sua divulgação. Localizado na Baixada Santista, o terreno pertence à USP desde 1955. Está sendo recuperado a partir de um projeto do professor Júlio Roberto Katinski, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.

A iniciativa tem o apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU). As mudanças na área começaram em 1995 e entram agora em nova fase. ‘Precisamos de verbas para construir as futuras instalações nas proximidades do Engenho’, explica Maria Cecília França Lourenço, professora da FAU e atual curadora do patrimônio.

Desde a aquisição do Engenho pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, muitos estudos já foram feitos no terreno, em diversas áreas de pesquisa. Dentre elas, arqueologia, geografia, história, investigação geológica e ecologia. O projeto prevê a manutenção dessa ‘possibilidade interdisciplinar’, com a instalação de um centro de pesquisas.

A nova fase prevê, além da construção de um auditório e um museu – que iria expor de forma educativa a história do Engenho de São Jorge dos Erasmos e trabalhos arqueológicos realizados – está previsto um laboratório, para analisar o material coletado em campo.

Segundo o professor Katinski, ainda há muito o que descobrir sobre a história do Patrimônio. ‘O que se sabe é que ele é quinhentista, datado da metade do século XVI e que pertenceu a Martin Afonso de Souza, proprietário da Capitania Hereditária de São Vicente’. Ele explica que estas conclusões podem ser tiradas pela arquitetura, pois a construção utiliza técnicas portuguesas medievais.

Projeto para o Erasmos

O trabalho de recuperação do Engenho teve início na gestão do reitor Flávio Fava de Moraes – de 1994 a 1998. Sob a coordenação do arquiteto e professor Júlio Katinski, o projeto teve três frentes: a consolidação das ruínas, que incluíram um plano de drenagem da área, divulgação do Patrimônio e pesquisa científica.

Hoje diversas áreas atuam no sentido de concretizar o projeto original. Elaine Hirata, arqueóloga do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP desenvolve um programa educacional junto às escolas locais. ‘É um importante trabalho educativo, que promove visitas ao Engenho e amplia à comunidade a consciência sobre o patrimônio histórico’, ressalta Katinski.

O Engenho será uma base avançada da PRCEU. Segundo o arquiteto, a idéia é que o local se torne um centro de pesquisas da Baixada Santista, para todas as áreas interessadas. ‘O Engenho sempre foi e continuará sendo um sítio arqueológico. A intenção não é restaurá-lo’, explica Maria Cecília. ‘O que queremos é difundir a importância do patrimônio histórico e ter um núcleo de pesquisas permanente.’

Por Beatriz Camargo

Da Agência de Notícias da USP

V.C.