Parceria: IPT assina convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento

Convênio irá capacitar micro e pequenas empresas de compósitos

seg, 26/04/2004 - 18h39 | Do Portal do Governo

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas assinou na última quinta-feira, dia 22, um convênio de cooperação técnica com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), firmando o passo para ajudar a alavancar a grande virada do setor de compósitos no Brasil. Em parceria com a Associação Brasileira de Materiais Plásticos Compostos (Asplar), instalada no campus do IPT e representando as cerca de 2.500 pequenas e micro empresas do segmento existentes no País, a direção do Instituto obteve aprovação do Fundo Multilateral de Investimentos (FUMIN), para um projeto de capacitação de mão-de-obra dos profissionais da indústria de plásticos compostos, no valor de US$ 190 mil. Deste total, US$ 95 mil serão financiados pelo BID e os outros US$ 95 mil representam a contrapartida do IPT.

A qualificação dos profissionais que trabalham no setor está alinhada a uma estratégia de crescimento do segmento, inovação tecnológica, melhoria de processos, aumento da competitividade, melhoria da qualidade dos produtos e resolução dos problemas ambientais no âmbito da cadeia produtiva dos compósitos.

O programa ainda impulsionará o Centro Tecnológico de Compósitos (Cetecom) que funciona, já, no Departamento de Química do IPT. Aberto no ano passado, mas ainda em fase de instalação de equipamentos, o Cetecom, além de sediar o curso, vai iniciar atividades de pesquisa e desenvolvimento na área de compósitos, dentro de um projeto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp – que totaliza R$ 500 mil, metade financiados pela instituição e outros R$ 250 mil obtidos junto às empresas associadas à Asplar, segundo informou o diretor da Divisão de Química do IPT, pesquisador Efraim Cekinski.

De acordo com dados da Asplar, no setor predominam as empresas transformadoras de pequeno porte, com no máximo 100 empregados, sendo que 85% delas têm média de 5 funcionários. São empresas que empregam pouca ou nenhuma tecnologia, a maioria artesanais, cujos processos contrastam com a indústria de plásticos compostos da Europa e EUA, onde os processos são todos automatizados. Os principais mercados atendidos são do segmento de construção civil, transporte, saneamento básico, indústria química e petroquímica, papel e celulose, açúcar e álcool, eletroeletrônico, aeronáutica e esporte/lazer. Fabricam atualmente produtos com pouca tecnologia agregada, como caixas d´água, componentes de automóveis, caixas eletrônicos, banheiras, piscinas, tubos e conexões para saneamento básico.

O novo presidente da Asplar, Salvador Granato Neto, explica que a ausência de normatização dificulta ainda mais a fabricação de um produto com a qualidade esperada pelo mercado, especialmente se comparado ao produto da Europa e EUA. ‘Nossa plataforma será meio-ambiente, reciclagem e capacitação de mão-de-obra, inovação tecnológica e normatização’, informa Granato Neto, para quem o Cetecom praticamente ‘nasce’ com a aprovação do projeto.

O projeto do IPT/Asplar aprovado pelo Fundo Multilateral de Investimentos, fundo independente administrado pelo BID que se dedica à promoção do desenvolvimento do setor privado na América Latina e Caribe, faz parte de um programa piloto que a instituição iniciou em duas representações do BID na AL, Brasil e Peru, de acordo com o sub-representante da Missão do BID no Brasil, Jorge Luis Lestani.

Segundo este programa, o Fundo identifica e aprova localmente projetos de até US$ 100 mil com o objetivo de auxiliar pequenas e micro empresas a se desenvolverem e que tenham como principais características a melhoria da cadeia produtiva e a eco-eficiência. De acordo com Gerardo Martinez Freyssinier, especialista setorial da Representação do FUMIN/BID no Brasil, a instituição aprovou o projeto apresentado pela diretoria do IPT há um ano e meio, dado o interesse do Banco numa instituição que tem fortes vínculos com o setor privado, ‘que não se fecha em uma torre de marfim, como tantos organismos de pesquisa. O fato de que 60% dos recursos do Instituto vêm do setor privado demonstra uma vitalidade do lado do IPT e credibilidade do lado do setor privado’, afirmou.

O diretor-superintendente do IPT, Ary Plonski, explicou que, ao abrigar a Asplar em suas instalações, cedendo um terreno de cerca de 600 m2 para a instalação dos laboratórios do Cetecom, o IPT estava utilizando um conceito de incubação para abrigar um setor composto por cerca de 2.500 empresas ensanduichadas entre grandes fabricantes de resinas que, ou mudavam, conquistando patamares tecnológicos similares aos das grandes concorrentes, ou desapareceriam.

‘O problema da pequena empresa não é ser pequena, é ser sozinha’, afirmou Plonski. E apontou, como passos corretos para mudar a situação, o fato de a Asplar assumir a responsabilidade de melhorar o setor, de procurar parceiros como o IPT e de o próprio IPT, uma entidade governamental, mudar conceitos, abrigando, num espaço público, uma associação privada. O exemplo, vaticinou, pode ser um modelo replicável no IPT, com outros setores, e também em outras entidades governamentais, com segmentos privados.