Oito mil pessoas pedem paz em São Paulo

Ato no Ibirapuera reúne populares, religiosos, autoridades e artistas em prol da concórdia mundial

dom, 23/09/2001 - 15h58 | Do Portal do Governo


Mesmo com a garoa, o frio e até chuva, oito mil pessoas reuniram-se na manhã este domingo, dia 23, na Praça da Paz, no Parque do Ibirapuera, para se congraçarem pela concórdia em todo mundo. Participaram da celebração inter-religiosa ‘São Paulo Pede Paz’ representantes de todos os credos, autoridades estaduais e municipais e também artistas.

Um forte sentimento foi compartilhado: os atentados nos EUA devem ser fortemente repudiados como um crime contra toda a humanidade. Aplaudido, o governador Geraldo Alckmin disse: ‘A paz, a busca da paz é inadiável, é necessária, é possível e devemos alcançá-la. Eu acho que hoje é dia de todos nós, dos quatro cantos do planeta, ecoarmos mais alto os cantos de John Lennon e Paul McCartney: Dêem uma chance a paz’.

‘O tempo é urgente’, disseram os artistas em manifesto da classe, lido pelas atrizes Letícia Sabatella, Cláudia Alencar e pelo ator Marcos Winter. ‘Dessa vez não haverá uma Arca de Noé que salve alguns e deixe perecer os demais. A tragédia que nos atingiu no mais fundo do nosso coração nos convida a repensarmos os rumos das políticas mundiais, o sentido da globalização dominante, a definição do futuro da humanidade e a salvaguarda da Casa Comum, a Terra.’

Para o xeique Muhammad Ragip, da Ordem Sufi Halveti Jerrahi, ‘Precisarmos pregar a paz e tranquilidade no mundo. O mundo pede paz e dignidade e, acima de tudo, igualdade’, completou.

‘Nós devemos tentar corrigir toda forma de preconceito contra os muçulmanos’, disse Dom Cláudio Hummes, arcebispo metropolitano de São Paulo. ‘Nós não podemos generalizar sobre a comunidade muçulmana mundial, aquilo que alguns grupos tenham a ver com alguns terroristas. Há muitíssimos outros grupos terroristas pelo mundo que não são muçulmanos.’

Para Dom Isidoro Oliveira Preto, abade emérito do Mosteiro de São Paulo, ‘Só reconhecendo a dignidade e a justiça humanas, podemos viver em paz’. Mãe Sylvia de Oxalá, presidente do Instituto Axe Ilê Oba, disse: ‘Temos que pedir a paz mundial e menos racismo, mais compreensão e mais aceitação do próximo’.

Para a Reverenda Sinceridade, ‘Todo o mundo quer paz. Com compaixão e sabedoria, saberemos resolver e encontrar solução para estes conflitos’, indicando que na história do budismo não são registradas guerras.

Após a cerimônia ecumênica, o compositor Gilberto Gil e o cantor Fábio Júnior cantaram pela paz junto com todos os oito mil populares presentes à cerimônia, apesar da fria garoa e até da chuva.

Avaliando a celebração, Alckmin disse: ‘Este ato de fé e esperança que todos nós participamos hoje sintetiza o respeito de São Paulo e de todo o País pelas nossas diferenças, sejam elas culturais, sejam elas raciais, sejam elas religiosas. Não fazemos questão de diminui-las, mas de ressaltar essas diferenças porque elas enriquecem nossa visão de mundo e nossa sociedade. São Paulo dá hoje um exemplo de respeito à comunidade internacional, por isso nós queremos dar parabéns e cumprimentar a todos’.

A pastora Margarida, da Igreja Metodista, encerrou a cerimônia em uma oração coletiva. ‘Que em meio à violência e em meio à dor, que tenhamos a coragem de estender as nossas maõs para todos os nossos semelhantes. Amém. Shalon. Salam. Paz. Axé’.