Odontologia: Cirurgia corrige problemas decorrentes da má formação dos ossos da face

Trabalho premiado nos EUA propõe correção facial de pacientes com problema de desenvolvimento maxilar

ter, 12/11/2002 - 21h02 | Do Portal do Governo

Cirurgia ortognática: melhora na qualidade de vida dos portadores de má formação do maxilarA pesquisa sobre a ‘Avaliação das mudanças do perfil mole em indivíduos com fissura lábio palatal submetidos a avanço de maxila’ (Soft tissue changes following maxilary osteotomies in cleft lip/palate patients cefalometric) recebeu menção honrosa no ’82º Congresso da Associação Americana de Cirurgia Oral e Maxilofacial’, que ocorreu, em outubro último, em Chicago, Estados Unidos, ao lado de outros 53 trabalhos.

Desenvolvido pelo odontologista Rogério Freitas, mestre pela Faculdade de Odontologia (FO), campus de Araçatuba, o trabalho é um avanço importante para o sucesso das cirurgias ortognáticas, cujo objetivo é a correção de problemas de ordem cranio-maxilo-facial. ‘Trata-se de uma má oclusão esquelética, ou seja, a falta de alinhamento entre os ossos, e não só apenas entre os dentes’, explica Freitas.

O orientador do trabalho, Osvaldo Magro Filho, odontologista do Departamento de Cirurgia e Clínica Integrada da FO, explica que esse trabalho consiste em fornecer, por meio de análises radiográficas e estatísticas computadorizadas, uma previsão de como pode ficar o rosto de pacientes que apresentam problemas no desenvolvimento da maxila, após uma cirurgia de correção ortognática.

‘Por meio da análise de radiografias calculamos as mudanças do lábio superior do paciente em relação ao avanço de seu maxilar, no período mínimo de um ano após a operação’, diz. ‘O cálculo permite relacionar o movimento entre o tecido duro e o tecido mole da face, após a alteração cirúrgica, prevendo o provável perfil facial final da paciente,’ completa Magro Filho. O trabalho também leva em consideração outra avaliação, dois meses após a primeira observação.

Processo

Para o processo de verificação, os dados estatísticos colhidos na pesquisa são enviados aos softwares especializados em reconstrução facial, que possibilitam que a fotografia do paciente, exibida na tela do monitor, seja alterada de acordo com a operação a que ele será submetido. ‘Aliado à técnica manual, existem softwares que além dessas relações radiográficas, executam projeções do tecido mole da face, prevendo assim a própria auto-imagem modificada,’ afirma.

A apresentação funciona como um antes e depois dos programas de TV. ‘Colocamos, lado a lado, duas fotos do paciente: a primeira permanece intacta e mostra a má-formação em seu rosto. A segunda, apresenta essa mesma face, já com as modificações propostas para a cirurgia’, diz o orientador Magro Filho.

O autor do projeto ressalta que essa previsão serve como um incentivo para que os portadores do problema não deixem de procurar tratamento. ‘Muitos dos que apresentam essa falta de alinhamento no maxilar têm os lábios superiores menores e mais fibrosos’, diz. ‘A operação proporciona melhorias estéticas significativas.’

Segundo Freitas, os benefícios proporcionados pela cirurgia ortognática não estão relacionados somente com a estética, mas também com a correção de problemas de respiração, articulação, mastigação e digestão. ‘Além de agravar o ronco e inúmeros outros transtornos respiratórios, esse tipo de problema também dificulta a fala. Ao corrigir essa má-formação, o indivíduo terá uma qualidade de vida muito melhor,’ conclui.