Novo programa de combate às drogas é elogiado em seu lançamento

Tá na Roda-Uma Conversa Sobre Drogas é uma parceriado Governo do Estado com a Fundação Roberto Marinho

qua, 11/02/2004 - 15h59 | Do Portal do Governo


Cerca de 890 mil alunos serão atendidos pelo programa, que terá início em março

A quadra esportiva da Escola Estadual Capitão Monteiro do Amaral, no Jardim São Bento, na Zona Norte da cidade, transformou-se num cenário de tevê nesta quarta-feira, dia 11. Repleta de alunos, professores autoridades, especialistas em assuntos sobre drogas e artistas de novela, a unidade foi palco para o lançamento do programa Tá na Roda – Uma Conversa Sobre Drogas.

A iniciativa da secretaria estadual da Educação tem como parceiro a Fundação Roberto Marinho. O governador Geraldo Alckmin participou da abertura, transmitida por teleconferência para as demais escolas estaduais e ao vivo pelo Canal Futura.

Destinado aos adolescentes que cursam o Ensino Médio, o programa tem como objetivo falar em uma linguagem coloquial sobre as questões da droga. Além do debate na tevê, mediado pelo psiquiatra Jairo Boüer, o programa inclui um kit de livros e CD-ROM, que vai ajudar na capacitação, inicialmente, de mil professores da rede que atuem em escolas com o maior número de alunos e que trabalhem em regiões vulneráveis em todo o Estado. Cerca de 890 mil alunos serão atendidos pelo programa, que terá início em março.

Alckmin disse que esta iniciativa é pioneira e abre caminho para o diálogo entre professor e aluno. “A escola é o centro de debate e reflexão”. Comentou que não basta apenas agir nas conseqüências das drogas, mas também nas causas. “Aí vem a importância da família, da escola, da igreja e dos laços afetivos”, detalhou. Como pai e professor ele ressaltou a importância do diálogo e liberdade entre pais e filhos para se evitar o distanciamento. “Isto colabora para que ele procure outras pessoas em vez dos próprios pais”, afirma.

Quem lida com os alunos no dia-a-dia vê nesta iniciativa um grande instrumento que vai orientar os professores a lidarem com um assunto delicado. “Este programa vai abrir um espaço que vai nos ajudar a orientar o aluno que tenha o problema”, afirmou a professora Ana Lúcia Antunes dos Santos, há 15 lecionando na rede estadual. Ela também atentou para a necessidade da presença da família.

“O filho precisa confiar no pai. Por vergonha, muitos pais não querem admitir que seus filhos têm este problema e acabam transferindo a responsabilidade para nós”, relatou. Ela conta que tem alunos envolvidos com drogas, mas não os expõem na sala de aula. “Às vezes, eles são extremamente agressivos ou apáticos. Os kits vão nos ajudar a tratar melhor deste problema”, afirmou.

Conhecido por usar uma linguagem informal com os jovens, o psiquiatra Jairo Boüer vai mediar os debates do programa. Ele revelou que um dos segredos para lidar com os adolescentes é não falar em tons moralista e paternalista. “A droga está presente tanto entre a população universitária quanto nas comunidades carentes. Este é um assunto presente no universo dos jovens, por isso é fundamental fazê-los repensar sobre o assunto. É preciso oferecer alternativas aos adolescentes para combater essas questão, como está sendo feito com o lançamento do Tá na Roda”.

Compartilhando deste pensamento, o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto, salientou sobre a existência do grande império que existe em torno das drogas, e falou que a mídia tem um grande papel ao colocar este assunto em debate. “Os recursos audiovisuais da tevê vão ajudar nesta reflexão nas salas de aula”.

Responsável pela divulgação do tema no horário nobre da tevê, a autora da novela O Clone, Glória Perez, disse que o conhecimento é um dos melhores meios de prevenção. “A escola deve ser um espaço para esclarecer estas dúvidas, pois a ignorância leva o indivíduo a caminhos dolorosos”.

Um dos protagonistas do tema, abordado na novela, o ator Thiago Fragoso, disse que ao retratar como as drogas destroem os lares, a autora tirou um assunto que estava embaixo do tapete. “Foi uma iniciativa que não pode ficar isolada, daí a importância de se tratar isto abertamente com os jovens nas escolas para eles construírem seus valores”.

O secretário estadual da Educação, Gabriel Chalita, ressaltou a necessidade das escolas abordarem assuntos que fujam da grade curricular, como o caso das drogas, e pediu aos pais para participarem mais do cotidiano de seus filhos, o que ajuda na convivência familiar. “Por melhor que seja uma escola, ela nunca vai suprir a carência familiar do filho”.

De olho nesta questão, desde o ano passado, o Governo vem abrindo as 6.100 escolas da rede nos fins de semana. “O relacionamento fica mais fácil quando o pai vai até a escola e joga bola com o filho, ou a mãe participa de um coral com a filha”, exemplifica.

Contrário às drogas, o estudante D.P.F, 16 anos, disse que seus amigos que estão envolvidos com esse problema usam entorpecentes como fuga para fugir de conflitos familiares, amorosos e do desemprego.

Valéria Cintra