Nova etapa de despoluição dos rios de São Paulo começa em 2002

Edital de licitação das obras será publicado neste sábado, dia 27, no Diário Oficial do Estado

sex, 26/10/2001 - 16h18 | Do Portal do Governo


Os principais rios da cidade de São Paulo entram a partir do início de 2002 na segunda etapa de despoluição. Nesta fase, cerca de 1.300 quilômetros de tubulações de esgoto serão implantados para captar os resíduos lançados por 290 mil residências da Capital e Região Metropolitana. Atualmente, esses poluentes seguem direto para os rios Pinheiros e Tietê. Com a nova rede, o esgoto será interceptado e não chegará à água dos rios.

O trabalho faz parte da segunda fase do Projeto Tietê, que contará com recursos da ordem de US$ 400 milhões, sendo US$ 200 milhões aplicados pelo Governo do Estado de São Paulo e a outra metade com financiamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

As empresas que irão realizar a obra já estão pré-qualificadas. Neste sábado, dia 27, o edital de convocação para concorrência pública entre as empreiteiras estará publicado no Diário Oficial do Estado. O edital poderá ser retirado a partir de segunda-feira e as empresas têm o prazo de 45 dias para enviar as propostas.

No ano de 1992, um forte movimento popular recolheu mais de 1 milhão de assinaturas para recuperação dos Rios Tietê e Pinheiros. O Projeto Tietê foi criado, mas até o ano de 1994 caminhou lentamente. A partir de 1995 o Programa passou a ser impulsionado pelo Governo do Estado, que investiu recursos próprios e realizou uma renegociação de financiamento com o BID.

Na primeira etapa das obras, o percentual de esgotos tratados na Região Metropolitana saltou de 20% (em 1992) para 60% (em 1998), com investimentos de US$ 1,1 bilhão. Os benefícios foram significativos para melhoria da qualidade de vida dos moradores e para as condições ambientais.

2ª etapa do Projeto Tietê

A segunda etapa será realizada nos próximos quatro anos. Segundo o vice-presidente da Sabesp, Antônio Marsiglia, as obras vão eliminar o problema de mau cheiro nos rios de São Paulo. “Também passaremos a ter vida no Rio Pinheiros, mas ainda em nível baixo”, assegurou. Ele informou que a mancha de poluição que se estende pelo Rio Tietê, da Capital até a cidade de Pirapora do Bom Jesus, ficará menor. “A mancha amarela já foi reduzida em 50 quilômetros nos últimos anos e agora poderá ser diminuída em mais 12 quilômetros”, explicou. Em toda a extensão desta mancha, as águas apresentam nível zero de oxigênio.

Cerca de 6 mil litros por segundo de esgotos que são despejados nos rios de São Paulo passarão a ser transferidos para estações de tratamento de esgotos. Entretanto, não haverá necessidade de construção de novas estações, pois a capacidade já instalada é suficiente para absorver a demanda.

Outra prioridade é a melhoria da qualidade das águas nas represas que abastecem a Região Metropolitana. De acordo com Marsiglia, parte dos dejetos também deixarão de chegar às represas Billings e Guarapiranga.

O esgoto, porém, não é o único poluente das águas paulistas. O lixo jogado nas ruas pela população e também a carga poluente levada pelas chuvas são responsáveis por grande parte da contaminação. No caso do Rio Pinheiros, por exemplo, 40% da poluição são provenientes destes meios. “Além da coleta dos esgotos, é preciso um grande processo de educação ambiental e participação das prefeituras”, sustentou o vice-presidente da Sabesp.

Saúde pública

Para o secretário estadual de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, Mendes Thame, o que está sendo feito é um grande trabalho na área de prevenção de doenças. Ele ressaltou que com a 2ª etapa do Projeto Tietê cerca de 12 milhões de pessoas passam a contar com esgoto tratado.

Thame também adiantou que uma terceira fase de despoluição será necessária. Esta 3ª etapa possibilitará a despoluição total de esgotos do Pinheiros e do Tietê, além de garantir 100% de água tratada na Região Metropolitana. “Este é um número extraordinário para qualquer país de primeiro mundo”, destacou o secretário.

Rogério Vaquero