Nova eclusa do Tietê permitirá a navegação do rio na Capital

Material retirado com a limpeza do rio passará a ser transportado por barcaças e não mais por caminhões

ter, 20/01/2004 - 14h09 | Do Portal do Governo


Material retirado com a limpeza do rio passará a ser transportado por barcaças e não mais por caminhões

As montanhas de lama, detritos e sujeira que ficam depositadas nas laterais do Rio Tietê, esperando a chegada de caminhões para serem transportadas, passarão a ser deslocadas de forma fluvial, por meio de barcaças. A medida, que evita a utilização de caminhões pelas marginais, passa a ser viável a partir desta terça-feira, dia 20, com a inauguração da eclusa do Tietê, a primeira deste rio em perímetro urbano.

A inauguração da eclusa foi realizada pelo governador Geraldo Alckmin, como parte das obras da 2ª fase do Rebaixamento da Calha do Rio Tietê. Com 122 metros de comprimento, 12 de largura e 10 de altura, a eclusa é um elevador de águas que permite vencer um desnível de 3,2 metros nas águas do Tietê, na altura do Cebolão. A obra permite que o rio passe a ser navegável no trecho entre a barragem Edgard de Souza, em Santana de Parnaíba, até a barragem da Penha, na Zona Leste, numa extensão de 40 quilômetros.

Após testar o mecanismo de subida e descida das embarcações, Alckmin informou que haverá capacidade para transportar 300 toneladas de materiais em cada eclusagem, feita por duas barcaças. “Essa quantidade corresponde a utilização de 20 caminhões”, comparou. Ele explicou que as obras de limpeza e retirada de lama são permanentes, pois o rio recebe todo o material difuso enviado pelas águas das chuvas. “Por ano, são retiradas 800 mil toneladas de material”, disse.

O secretário da Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, lembrou que, além de diminuir o trânsito nas marginais, o transporte fluvial desta carga será mais seguro. “Já ocorreram acidentes até fatais, pois parte dos materiais acaba caindo dos caminhões e provoca a queda de motoqueiros”, observou.

No lugar das montanhas de lama, as laterais do rio ganharão um grande jardim, cuja implantação já está incluída nas obras de rebaixamento da calha. Alckmin também informou que no futuro, a idéia é utilizar a hidrovia para transportar outras cargas e até passageiros.

Rebaixamento da calha

Nesta segunda etapa, o Programa de Rebaixamento da Calha do Tietê está realizando um aprofundamento médio de 2,5 metros e o alargamento da calha no trecho entre a foz do Pinheiros até a barragem da Penha, numa extensão de 24 quilômetros. Esta é a área mais afetada pelas enchentes nas marginais do rio, que recebem fluxo diário de 700 mil veículos. “Mesmo com a obra em andamento, estamos no segundo verão seguido sem a ocorrência de enchentes”, analisou Alckmin.

Nesta fase, estão sendo aplicados R$ 731 milhões, dos quais R$ 537 milhões financiados pelo Japan Bank for International Cooperation (JBIC) e R$ 194 milhões investidos pelo Governo do Estado. A previsão é a de que sejam retirados 6,8 milhões de m³ de solos e rochas. Além de mais da metade desses materiais, também já foram retirados do leito quase 100 mil pneus e 11,5 mil toneladas de lixo e detritos. A previsão para o término das obras é o segundo semestre de 2004.

A primeira fase, concluída em dezembro de 2000, aprofundou 16,5 quilômetros da calha entre o Cebolão e a barragem Edgard de Souza. O canal foi aprofundado também em uma média de 2,5 metros, o que aumentou a capacidade de vazão do Tietê de 700 para 1180 m³/s na altura do Cebolão, e de 840 para 1440 m³/s na altura de Edgard de Souza.

Tratamento de esgotos

Simultaneamente às obras de combate às enchentes, o Governo do Estado está realizando a 2ª fase do Projeto Tietê para ampliação da coleta e tratamento de esgotos. “Vamos incluir a coleta de esgotos a 400 mil residências, atendendo cerca de 2 milhões de pessoas. E esse esgoto será levado às Estações de Tratamento de Esgoto que estão todas prontas”, disse Alckmin.

Atualmente, São Paulo tem 77% do esgoto tratado e com as obras passará a 87%. O índice de esgoto coletado será superior a 90%. Estas medidas irão melhorar a qualidade das águas do Rio Pinheiros, que hoje tem 0% de oxigênio. Alckmin lembrou que a mancha de poluição do Tietê que chegava no município de Barra Bonita, localizado a 250 quilômetros da Capital, retrocedeu e hoje está na cidade de Itu. “Recuperamos 100 quilômetros do rio.”

A despoluição do Rio Tietê é mais difícil, pois ele recebe uma grande poluição do Rio Tamanduateí. “Ele transporta uma carga de esgoto muito alta da região do ABC, porque o esgoto não é tratado naqueles municípios que não são vinculados à Sabesp”, explicou o governador. Ele também informou que a Sabesp passará a atuar em São Bernardo do Campo, onde será feito um grande investimento para tratar o esgoto.

Rogério Vaquero