Neurociência: Pesquisa da USP ressalta a importância do treinamento imaginário

Metodologia foi desenvolvida no Laboratório de Neurociências da USP

qua, 05/05/2004 - 10h33 | Do Portal do Governo

Do Portal da USP
Por Maurício Kanno

‘Foi verificado que cada dedo tem um tempo diferente para tocar o polegar. O dedo mínimo é o mais rápido, enquanto o indicador é o mais lento, tanto no treino imaginário como no prático’, diz Helene

Pesquisas realizadas no Laboratório de Neurociências e Comportamento do Instituto de Biociências (IB) da USP mostraram que um treinamento feito somente pela imaginação também melhora o desempenho de uma habilidade. Porém, isso é mais eficiente para atividades que dependem menos de uma melhora de força, e mais de esforço mental.

Segundo o biólogo André Frazão Helene, que desenvolveu a pesquisa em seu mestrado e doutorado, o treinamento imaginativo poderia ser usado por pacientes em recuperação, o que diminuiria o tempo posterior de reabilitação para algumas habilidades, como andar. Outra possibilidade seria o aprendizado de tarefas que envolvem um alto risco no treino, como manipulação de materiais perigosos.

‘Também se poderiam desenvolver habilidades finas em atletas’, diz o pesquisador. ‘Imaginemos dois jogadores de basquete com capacidades semelhantes. Se, além do treino habitual, um deles treinar pela imaginação o arremesso da bola na cesta, ele terá sua habilidade mais desenvolvida.’

Experiências

Os primeiros experimentos que Helene fez em seu mestrado, de 1998 a 2000, orientado pelo professor Gilberto Fernando Xavier, foram de natureza cognitiva, analisando a aprendizagem da habilidade de ler palavras ‘espelhadas’, como se estivessem refletidas em um espelho.

As experiências envolveram 78 pessoas. Um grupo de voluntários treinava lendo as palavras invertidas e depois as escrevendo corretamente no ar, com o dedo, de modo que um examinador visse. Outro grupo lia palavras escritas da forma correta e só imaginava ao contrário.

Depois de três dias de treino de 100 palavras por dia para cada um, foi verificado que o desempenho dos voluntários de cada grupo na atividade de ler na prática era equivalente. ‘Foi conseguida a aquisição efetiva da habilidade nos dois casos’, diz o pesquisador. ‘Enquanto os indivíduos de cada grupo levavam 25 segundos para a leitura no começo, todos chegaram praticamente para um tempo de cerca de 7 segundos.’

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/aben/
V.C.