Não há epidemia de dengue no Estado de São Paulo

Para evitar a doença é necessário combater o mosquito transmissor

qua, 30/01/2002 - 17h29 | Do Portal do Governo

Não há epidemia de dengue em São Paulo. Desde o início do ano, foram registrados 300 casos de dengue em todo Estado e um da forma hemorrágica da doença. A informação é da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), vinculada à Secretaria Estadual da Saúde. ‘Não há motivo para pânico. Acreditamos que o caso de dengue hemorrágica registrado na região de Campinas seja um caso isolado porque aconteceu há duas semanas e não se repetiu. No ano passado, tivemos três casos de dengue hemorrágica’, afirmou o superintendente da Sucen, Luiz Jacintho da Silva.

As ações da Sucen são intensificadas nessa época do ano nas regiões que normalmente apresentam mais casos de dengue no Estado, como as de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Araçatuba, Baixada Santista e Campinas. A Secretaria Estadual da Saúde está contratando 60 pessoas para trabalhar até o mês de abril no Programa de Emergência da Sucen em todo o Estado. De acordo com Jacintho, a região que tem apresentado mais casos da doença este ano é a da Baixada Santista, por isso, 16 desses profissionais serão encaminhados para lá.

Não existe vacina para dengue. É preciso combater o mosquito

O verão é a época do ano mais propícia para o aumento de casos de dengue. Isso acontece porque o mosquito Aedes Aegypti, que transmite a dengue e também a febre amarela, prolifera nesse período. Os ovos do mosquito, colocados em paredes de locais sujeitos ao acúmulo de água, como vasos, pneus, latas, garrafas e reservatórios destampados, podem resistir ali por até um ano e meio até a chegada das chuvas. Quando atingidos pela água, os ovos, em dois ou três dias, transformam-se em larvas e, em oito ou dez dias, viram mosquitos. A dengue é transmitida pela picada do mosquito fêmea infectado. O vírus da dengue se aloja nas glândulas salivares dos mosquitos quando picam alguém infectado e, num período de oito a doze dias, se multiplica, tornando o mosquito capaz de transmitir a doença.

Não existe vacina para a dengue. A melhor maneira de combater a doença é mesmo a prevenção. A população deve ficar atenta e controlar a proliferação do mosquito em casa e no trabalho. É preciso evitar o acúmulo de água parada em recipientes, como vasos, pratinhos de plantas, pneus, entre outros, e manter caixas e reservatórios de água tampados. Além de remover a água dos recipientes, é necessário lavá-los e escová-los para retirar os ovos do Aedes aegypti. Por serem muito pequenos, eles dificilmente são percebidos.

Dengue hemorrágica é forma mais grave da doença

De acordo com o superintendente da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), vinculada à Secretaria Estadual da Saúde, Luiz Jacintho da Silva, existem quatro tipos diferentes de vírus da dengue. No Brasil, só havia vírus dos tipos 1 e 2. De acordo com o secretário estadual da Saúde, José da Silva Guedes, o vírus tipo 3 está circulando no País, nos estados do Rio de Janeiro e no Acre, causando nova epidemia da doença em algumas regiões. ‘Nosso intercâmbio com o Rio de Janeiro é muito grande e teremos o carnaval no mês que vem. Não tenho dúvida que receberemos muita gente que viajou e voltou com a dengue 3 e que vamos ter um terceiro tipo de dengue em São Paulo’, afirmou.

A imunidade ao vírus da dengue é específica, ou seja, as pessoas infectadas pelo tipo 1, por exemplo, são imunes apenas a ele, podendo ser reinfectados por qualquer um dos outros três tipos de vírus existentes. A reinfecção pode evoluir para a dengue hemorrágica.

‘A dengue hemorrágica não é uma nova doença. Ela é uma forma mais grave da dengue e tem probabilidade de acontecer quando a pessoa é infectada mais de uma vez. Com o surgimento do vírus tipo 3 no Brasil, aumentam os casos de dengue em pessoas que já tiveram a doença’, explicou.

Ao aparecerem os sintomas, é preciso procurar um médico imediatamente

O superintendente da Sucen também alerta que as pessoas devem procurar assistência médica imediatamente ao apresentarem os sintomas da doença, que são febre, intensa dor de cabeça, dores fortes nos olhos, na musculatura, nos ossos e nas juntas. ‘Só é possível diagnosticar a dengue por exames clínicos e laboratoriais. Além disso, os exames laboratoriais só detectam alterações para dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença, dois dias após a infecção. E quanto mais rápido for o tratamento, melhores as chances de ter boa evolução do quadro clínico’, ressaltou Jacintho. Na forma mais grave, a doença pode causar sangramento pelas gengivas, pele e intestino, choque e até a morte.

Todos os casos de diagnóstico de dengue são notificados à Sucen, que envia equipes à casa e ao trabalho da pessoa infectada em busca de focos do mosquito para erradicá-lo. As equipes eliminam as larvas e aplicam inseticidas para matar os mosquitos. O mesmo procedimento é adotado num raio de nove quadras do local. Mais informações sobre a doença podem ser obtidas no site da Sucen, www.sucen.sp.gov.br.

Cíntia Cury