Nanotecnologia: Pesquisadores mostram como construir nanotubos de carbono

Nanotubos deslizam quase sem atrito

seg, 10/03/2003 - 20h52 | Do Portal do Governo

As duas estruturas ao lado lembram um par de halteres, mas jamais serviriam para fazer exercícios. Na realidade, representam tubos formados por 6 mil átomos de carbono, o mesmo elemento químico que compõe o grafite dos lápis – é muito pouco, mesmo se comparado a uma simples cabeça de alfinete, constituída por uma quantidade de átomos correspondente ao número 1 seguido de 18 zeros.

Visíveis aqui somente porque foram ampliados 30 milhões de vezes, esses cilindros fazem parte de um mundo microscópico no qual os fenômenos são descritos por leis que muitas vezes fogem à lógica do cotidiano, em que a unidade de medida é o nanômetro, a bilionésima parte do metro. Feitos a partir da associação aleatória de átomos de carbono do vapor de grafite bombardeado por laser, os halteres ou nanotubos, como são chamados, medem 1,4 nanômetro de diâmetro – cerca de 100 mil vezes menos que a espessura de um fio de cabelo – e 8,2 nanômetros de comprimento. Cada haltere consiste, na verdade, de dois nanotubos: um externo e, dentro dele, um menor, representado em amarelo na imagem.

Num artigo que mereceu a capa da edição de 7 de fevereiro da mais importante revista científica de física, a Physical Review Letters , uma equipe formada por físicos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) demonstrou que o formato de haltere é a forma mais simples que permite a esse conjunto de dois nanotubos funcionar como um nanooscilador: um mecanismo no qual, a partir de um impulso inicial, o tubo menor se desloca de uma extremidade a outra num movimento oscilatório interminável, capaz de durar um período de tempo praticamente indefinido.

Os nanotubos seriam algo como os liliputianos, os minúsculos habitantes de Lilliput, a cidade criada pelo escritor irlandês Jonathan Swift em As Viagens de Gulliver , diante do gigante que dá nome ao livro. No papel de Gulliver estão os atuais osciladores eletrônicos, 10 milhões de vezes maiores. Hoje, com esses dispositivos se consegue gerar ou captar ondas eletromagnéticas, como as utilizadas nas transmissões de rádio, televisão e telefonia celular. Outro exemplo cotidiano de dispositivos com osciladores é o computador, no qual o clock, o indicador de velocidade, registra o número médio de operações que o processador (chip) é capaz de realizar a cada segundo.

Ricardo Zorzetto e Eduardo Geraque – Revista Fapesp

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