Muros do Complexo Penintenciário do Carandiru começam a ser derrubados

Cadeia está sendo transformada em um parque para a juventude

qui, 28/03/2002 - 14h47 | Do Portal do Governo


Os muros do Complexo Penitenciário do Carandiru começaram a ser derrubados para a construção do Parque da Juventude. Até o fim deste ano, a população da Capital ganhará mais 55 mil m2 de Mata Atlântica; oito quadras poliesportivas; dois campos de futebol society; pistas de cooper e de skate; uma ciclovia; e espaços culturais.

O projeto desenvolvido pelo Governo do Estado também prevê a transformação da área onde encontra-se a Casa de Detenção em um centro de educação para o trabalho. No local, poderão ser implantados cursos técnicos e profissionalizantes; escolas; ou até faculdades. As mudanças, porém, serão amplamente debatidas com a comunidade para buscar o melhor aproveitamento do local.

A apresentação do projeto foi feita nesta quinta-feira, dia 28, pelo governador Geraldo Alckmin, antes da derrubada do primeiro muro. Também participaram os secretários da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, e da Juventude, Esportes e Lazer, Gabriel Chalita.

A construção do parque terá três fases distintas. A primeira etapa envolve as áreas esportivas e de lazer. Na segunda fase, serão liberadas as áreas preservadas de Mata Atlântica para contemplação e construídos espaços para eventos culturais, com capacidade para até 10 mil pessoas. “Ambas as fases estão começando hoje. A primeira etapa e uma parte da segunda estarão concluídas até o fim do ano”, informou Alckmin.

O parque começará a receber visitantes assim que as quadras forem construídas. A entrada para o espaço esportivo será feita pela Avenida Zachi Narchi. Já a chegada do público para a área cultural ocorrerá pela Avenida Ataliba Leonel. “Os muros serão substituídos por alambrados, como no Parque do Ibirapuera”, disse o governador.

A última etapa do Parque da Juventude contemplará o desenvolvimento de projetos educacionais para os jovens. O local, onde hoje se encontra a Casa de Detenção, será utilizado para a realização de cursos profissionalizantes; escolas técnicas ou faculdades. “Passará a ser um lugar de inclusão social e protagonismo juvenil”, destacou Chalita.
Para ele, o projeto cumpre o objetivo de resgatar a juventude. “Grande parte da população carcerária mundial é formada por jovens. O grande desafio é oferecer possibilidades para que a juventude canalize todo o seu potencial em coisas boas, como o esporte, a cultura e o lazer”, enfatizou Chalita.

Alckmin explicou que as audiências públicas para concluir o projeto da terceira fase começarão imediatamente. “Vamos buscar a opinião dos verdadeiros interessados, que é a sociedade. Também queremos ouvir especialistas de engenharia; urbanistas; Secretarias de Estado; e a Assembléia Legislativa”, afirmou. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está analisando as condições dos pavilhões da Casa de Detenção para ver se há necessidade de demolir todos, ou se algum poderá ser aproveitado.

Dia histórico

O secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, classificou o início da derrubada dos muros do Complexo Carandiru como uma data histórica. “A cadeia, que era incontrolável pelo número de presos e inadministrável pelo tamanho, dará lugar a um parque, que promoverá a inclusão social”, comparou.
Furukawa ressaltou que a Casa de Detenção já abrigou mais de 7 mil presos e hoje tem apenas 1.800. “Transferimos mais de 5 mil criminosos para as 11 penitenciárias que construímos no Estado.”

A desativação completa da Casa de Detenção deverá ocorrer ainda em 2002. “Acredito que antes mesmo do fim do ano seja possível transferir todos os presos”, disse Alckmin. Segundo ele, a prioridade agora é reduzir a superlotação nas Delegacias de Polícia (DP) da Capital. “Os 2.160 presos condenados que estão nas delegacias serão transferidos até o dia 20 de abril”, adiantou.

A transferência dos presos condenados não será suficiente para acabar com o problema das superlotações, mas na próxima segunda-feira, o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, assina no Palácio dos Bandeirantes o repasse de R$ 70 milhões para construção de mais 12 presídios no Estado de São Paulo.

Desde o início da administração Covas/Alckmin foram criadas 39.148 vagas prisionais. Até abril deste ano, outras 1.804 estarão concluídas. “Há outras obras iniciadas ou em licitação. Até o fim do ano, o Governo terá aberto 51.860 vagas prisionais”, informou Furukawa.

Rogério Vaquero