Mulheres são maioria nas Frentes de Trabalho

Fenômeno se repete em todas as frentes de trabalho nas cidades da Região Metropolitana de São Paulo

ter, 02/04/2002 - 14h46 | Do Portal do Governo

Dos 139.222 mil trabalhadores até agora atendidos pelas Frentes de Trabalho, 83.851 mil são mulheres arrimo-de-família, que representam 60,2% do total de atendimentos. Esse fato confirma o diagnóstico do Censo 2000 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de que a mulher aumentou significativamente sua responsabilidade com a manutenção da família na última década. Hoje ela é chefe de família em 24,9% dos domicílios brasileiros.

Esse fenômeno se repete em todas as 3.800 Frentes de Trabalho nas 39 cidades da região metropolitana de São Paulo onde o programa está presente. Em Mogi das Cruzes, por exemplo, das 716 pessoas selecionadas para a primeira etapa das frentes deste ano, 470 são mulheres. Irinéia Ribeiro de Oliveira, de 49 anos, foi uma das que passaram pelo programa. Ela se tornou arrimo-de-família em 1992, quando seu marido sofreu um acidente que o deixou impossibilitado de trabalhar. ‘Foram anos difíceis’, relata Irinéia, que passou a ter de sustentar as três filhas e o marido de uma hora pra outra fazendo pequenos consertos de roupas, faxinas e trabalhos manuais. Ela lembra bem do dia 9 de março de 2000 quando foi chamada para integrar uma Frente de Trabalho da cidade. ‘Começou vida nova’, conta a ex-dona de casa, para quem a bolsa-auxílio foi importante mas não o principal. ‘Voltei a estudar e percebi que, aos 50 anos, ainda existe lugar para mim no mercado de trabalho’. Depois da experiência na Frente de Trabalho, Irinéia foi contratada pela Prefeitura de Mogi das Cruzes para trabalhar como atendente do PAT- Posto de Atendimento ao Trabalhador, vinculado à Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (Sert).

O programa Frentes de Trabalho funciona como uma resposta emergencial ao desemprego, propiciando ocupação – prestação de serviços à comunidade – durante o período de nove meses, mediante a bolsa-auxílio (hoje de R$ 190 mensais). Os bolsistas freqüentam curso de alfabetização, recebem mensalmente uma cesta-básica de 30 kg e têm seguro contra acidentes pessoais.

Recrutados, os trabalhadores passam por qualificação profissional. São 66 opções de cursos de 204 horas/aula realizados uma vez na semana em escolas sindicais, entidades como Senai, Senac e Senat e pelo Centro Estadual de Educação e Tecnologia Paula Souza. Além de colaborar para a melhora da auto-estima do trabalhador, o Programa tem ações que permitem o retorno do bolsista ao mercado de trabalho ou iniciativas que gerem renda para a família.

Desde janeiro, 586.652 mil trabalhadores se inscreveram para participar do programa, dos quais 529.577 mil foram classificados. O investimento do Estado nas Frentes de Trabalho até o momento chega aos R$ 240 milhões, suficiente para manter o atendimento fixo de 25 a 30 mil bolsistas, dos quais 12 mil já assinaram o termo de adesão entre janeiro e março deste ano. O programa privilegia àqueles com maiores atribuições familiares, mulheres arrimo-de-família, os desempregados há mais tempo (no mínimo um ano) e os mais velhos.