Mostra fotográfica e seminário internacional marcam 100 anos do Instituto Pasteur

Acervo vindo da França retrata trajetória do pesquisador francês que descobriu a vacina anti-rábica

qui, 31/07/2003 - 9h22 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


Por Sirlaine Aiala

O Instituto Pasteur, referência nacional em pesquisa e controle da raiva, completa 100 anos dia 5 de agosto. Para comemorar a data histórica, o governo do Estado e a Secretaria de Estado da Saúde programaram seminário internacional sobre a doença e duas exposições fotográficas. Uma delas vinda da França – Louis Pasteur (1822-1895) – e outra organizada pela própria instituição, intitulada Trajetória do Instituto Pasteur – 1903-2003.

A mostra reunirá mais de 70 painéis fotográficos e ficará aberta ao público de 6 de agosto a 8 de setembro, no saguão do prédio da Fiat do Brasil, na Avenida Paulista (ao lado do Instituto Pasteur). Trajetória do Instituto Pasteur – 1903-2003 registra os 100 anos de história da instituição em 60 painéis com fotos, textos e documentos representativos de sua atuação, que demonstram a evolução do instituto desde sua fundação aos dias atuais.

Exposição e seminário

A exposição Louis Pasteur – 1822-1895 – realizada pelo Instituto Pasteur de Paris no centenário de morte do pesquisador, em 1995 – apresentará coleção de 11 pôsteres sobre a vida e o trabalho do pesquisador francês que descobriu a vacina anti-rábica, abordando suas pesquisas de cristalografia (ciência que trata da formação dos cristais) e sobre vinho, doença do bicho-da-seda, doenças infecciosas e profilaxia da raiva.

O Seminário Internacional de Raiva será realizado de 5 a 7 de agosto. O evento reunirá no hotel Crowne Plaza, de São Paulo, especialistas do Brasil, África do Sul, Argentina, Canadá, Chile, França, México e Venezuela. Voltado a estudantes e profissionais de saúde pública e sanidade animal, o encontro visa à atualização de conhecimentos científicos referentes à moléstia e ao seu controle. Os interessados podem se inscrever pelo site www.pasteur.saude.sp.gov.br.

Atuação

A história do instituto se confunde com a do combate à raiva em São Paulo. Além de exportar a cultura de controle da raiva para o Brasil e para o mundo, é o único que faz diagnóstico de raiva humana no Estado. A instituição, que dispõe de modernos laboratórios e conta com aproximadamente 120 profissionais, é responsável pelo diagnóstico virológico, sorologia para avaliação de anticorpos anti-rábicos e atendimento ambulatorial. Com plantão médico de 24 horas para a população, atende em média 5 mil pessoas por ano. Sua atuação fez com que a raiva humana praticamente desaparecesse de São Paulo.


Foto de Fernandes Dias – Laboratório de Sorologia, onde são produzidas as vacinas

“O Instituto Pasteur é um marco na história de nosso Estado e do País. Sua atuação permitiu que, nos últimos oito anos, apenas três casos de morte por raiva humana fossem registrados em São Paulo”, afirma o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata. O último caso foi registrado em 2001.

Campanha de vacinação

O centenário, curiosamente, é comemorado no mesmo mês em que os municípios realizam as campanhas de vacinação contra a raiva para cães e gatos. A campanha teve início em 1975 e, desde 1983, todos os municípios paulistas são abrangidos pela iniciativa. Em 2002, foram vacinados 4,4 milhões de cães e 625 mil gatos. Estatísticas mostram que o número de animais domésticos com a doença vem diminuindo significativamente nos últimos anos.

Em 1996, o instituto passou a coordenar o Programa de Controle de Raiva no Estado, o que contribuiu de maneira decisiva para a drástica redução dos casos da doença em animais domésticos. Naquele ano, foram registrados 95 casos de raiva canina e nove de felina. No ano seguinte, foram 11 casos em cães e nenhum em gatos. Em 2002 foram apenas dois casos: um cão e um gato.

Doença fatal

A raiva é uma doença fatal, que ataca os mamíferos e pode ser transmitida ao homem. “Por isso a necessidade de procurar atendimento médico imediatamente após ferimentos causados por animais, especialmente os cães, gatos e morcegos”, recomenda a diretora-geral do Instituto Pasteur, Neide Takaoka.

De 1993 a 2000, a média de casos de morte por raiva humana no Brasil era de 25 ao ano. Esse número caiu para 21 em 2001 e para 10 no ano passado. De janeiro a junho deste ano, a doença também matou dez pessoas no País. No Estado de São Paulo, o último registro de óbito por raiva humana ocorreu em 2001, no município de Dracena. Em 1997 foi registrada uma morte em Avanhandava e, em 1995, outra em Ribeirão Preto.

De 1983 a 2002, houve 20 casos de morte por raiva humana no Estado, contra 112 no período de 1975 a 1982. A queda é conseqüência direta da diminuição dos casos de raiva em cães e gatos, sobretudo depois que o Instituto Pasteur assumiu a coordenação do programa.

Pesquisador francês colocou a ciência a serviço da saúde

Nascido em Dôle, parte oriental da França, em 27 de dezembro de 1822, Louis Pasteur completou seus estudos de doutorado na Escola de Física e Química em Paris em 1847. No ano seguinte anunciou suas primeiras descobertas sobre assimetria dos cristais. Uma década depois, começou a realizar estudos sobre a fermentação láctea, recebendo a medalha da Sociedade Real de Londres por seu trabalho sobre cristalografia.

Em 1861 recebe o prêmio da Academia de Ciências por seus estudos sobre fermentação e em 1865 inicia pesquisas sobre o processo que mais tarde levaria seu nome – a pasteurização.

Pasteur passa a se dedicar ao estudo da raiva apenas em 1880, lançando no ano seguinte os primeiros manuscritos sobre essa zoonose, quando tembém publica estudos sobre a vacina contra o antrax e a cólera aviária. Em 1884, inicia os estudos sobre vacinação anti-rábica em animais, e no ano seguinte realiza o primeiro tratamento contra a raiva humana.

Em 1886, obtém licença internacional para fundar o Instituto Pasteur – que só seria inaugurado dois anos mais tarde -, destinado ao estudo e tratamento da raiva, assim como a outras análises microbiológicas.

O cientista morreu em 28 de setembro de 1895, aos 73 anos de idade.

Localização privilegiada

Instalado no número 393 da Avenida Paulista desde 1903, o Instituto Pasteur ocupa uma das cinco casas mais antigas da avenida eleita como cartão postal da cidade de São Paulo. O imóvel, com aproximadamente 1,2 mil m² de área, foi comprado por beneméritos justamente para abrigar a sede da instituição. A casa preserva, com pequenas modificações, suas características arquitetônicas desde 1918.

Nascida como instituição privada, seguindo o ideal de Louis Pasteur de colocar a ciência a serviço da saúde, foi doada ao Governo do Estado em 1918, quando o combate à raiva ainda era feito com a prescrição de 21 injeções, aplicadas na barriga do paciente. Assim como instituições similares de outros países, o Instituto Pasteur de São Paulo produzia a vacina artesanalmente. Também administrava a distribuição aos demais municípios do Estado e a outros Estados da Federação.

Exposições Louis Pasteur (1822-1895) e Trajetória do Instituto Pasteur – De 1903 a 2003
Data: de 6 de agosto a 8 de setembro
Horário: das 9 às 17h30, de segunda a sexta-feira
Local: Saguão do prédio da Fiat do Brasil (Av. Paulista, 407)
Informações: (11) 288-0088

Seminário Internacional de Raiva
Data: de 5 a 7 de agosto de 2003
Local: Hotel Crowne Plaza (R. Frei Caneca, 1.360)
Inscrições pelo site www.pasteur.saude.sp.gov.br
Taxa de inscrição:
– até 4 de agosto: R$ 150,00
– no evento (5 de agosto): R$ 200,00
Outras informações pelo telefone (11) 3361-3056

(LRK)