Moradores do Jardim Ângela contam com acesso gratuito à internet

Programação cultural, quadras poliesportivas, aulas de dança e capoeira, um parque ecológico e, a partir de hoje, acesso gratuito à internet. São com estas atividades de educação e lazer que o bairro Jardim Ângela, localizado na periferia da Zona Sul paulistana, está conseguindo mudar a sua fama de região mais violenta de São Paulo. O número de homicídios foi reduzido em 50% e os registros de roubo e furto de carros também caíram.

O comandante da Base Móvel Comunitária da Polícia Militar que atua no Jardim Ângela, sargento David, explica que a presença da polícia próxima à comunidade ajuda a conter a criminalidade, mas que é essencial a realização de ações sociais. Neste domingo, dia 14, o governador Geraldo Alckmin inaugurou no bairro uma unidade do Infocentro. É um centro de acesso gratuito à internet, equipado com dez microcomputadores multimídia e um servidor, que atende de segunda a sábado das 9 às 19 horas.

Para o líder comunitário da região Antônio Valter Fiusa, o Toni, esta é uma importante alavanca para proporcionar a inclusão social dos moradores. Prejudicados pela baixa renda familiar e pelos altos preços dos computadores, a maioria da população do Jardim Ângela nunca teve noção básica de informática e tampouco de ingressar no mundo virtual. É o caso do estudante Leandro de Jesus, 19 anos, que acredita na importância da informática para o seu futuro. “A maioria das empresas só pegam funcionários que saibam mexer com computador”, disse.

As unidades do Infocentro contam com dois monitores treinados para orientar a utilização dos equipamentos. Toni afirmou que o Infocentro do Jardim Ângela já estava funcionando há dois meses em fase experimental, recebendo uma média de 150 usuários por dia. “Eles estão aprendendo a fazer o próprio currículo profissional, a enviar esse currículo para as empresas, se cadastrar em sites de emprego e criar e-mail pessoal”, comentou.

Alckmin observou que os computadores estão disponíveis para todos que se interessarem. “Desde as crianças até as pessoas da 3ª idade podem aprender informática”, incentivou. Ele destacou que a Internet facilita o acesso à educação e ao emprego e que este é o principal caminho para o sucesso pessoal. “Talento o brasileiro tem de sobra, só precisamos trabalhar juntos para impulsionar este talento.”

A construção de Infocentros é uma iniciativa do Programa Acessa São Paulo, desenvolvido pela Secretaria Estadual de Governo e Gestão Estratégica. Para o secretário-adjunto, Dalmo Nogueira, este é um instrumento para a conquista do conhecimento. Segundo ele, inicialmente o Governo do Estado criou o Poupatempo, com a intenção de levar serviços gratuitos e de maneira fácil para a população excluída. “Hoje, os mais favorecidos já estão fazendo esses serviços pela internet. Ou seja, o Programa Acessa São Paulo vai evitar que o computador possa excluir novamente as pessoas mais carentes”, analisou.

Atualmente, a Capital conta com 19 unidades do Infocentro em operação. De acordo com o coordenador do Programa Acessa São Paulo, Fernando Guarnieri, outras 13 poderão ser inauguradas ainda este mês e, até o fim deste ano, serão entregues 60 centros de acesso em São Paulo. “No Interior, as cidades de Registro, Votuporanga, Dracena, Araçatuba, Avaré, Sorocaba e São José do Rio Preto também já estão autorizadas a receber os equipamentos”, apontou.

Nas unidades da Capital, o Estado investe cerca de R$ 50 mil com a aquisição dos micros e as reformas no local de instalação. São parceiros do Programa a Microsoft, Lótus, Telefônica, Nexans, Imprensa Oficial do Estado (Imesp), Prodesp, Banespa, Escola do Futuro da USP e ONGs.

Rogério Vaquero